Rio - Nesta semana, após a final da Liga Nacional de polo aquático, conquistada pelo Botafogo, os jogadores da seleção brasileira se espalham por clubes da Itália, Croácia, Espanha e Hungria, para participar da temporada europeia. Entre eles não estará Tony Azevedo, um dos melhores jogadores do mundo.
Nascido no Rio de Janeiro, filho de Ricardo Azevedo, ex-jogador da seleção brasileira, Tony tem dupla cidadania. Convidado pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) a providenciar sua naturalização esportiva para defender o Brasil nos Jogos do Rio, Tony decidiu continuar jogando pela seleção norte-americana, que já defendeu em quatro edições dos Jogos Olímpicos, tendo conquistado a prata em Pequim-2008.
"Decidi continuar jogando pelos Estados Unidos porque eu era a última coisa na cabeça da CBDA. Primeiro eles decidiram naturalizar caras que não têm nada a ver com o Brasil", diz Tony, referindo-se ao croata Josip Vrlic, que já está jogando com a touca brasileira, e ao goleiro sérvio Slobodan Soro, que ainda não foi liberado pela Federação Internacional de Natação (Fina) para jogar por sua "nova pátria".
O Brasil ganhou um adversário dos mais aguerridos, a se julgar pelas palavras de Tony. "Claro que agora vou jogar com muito mais gana contra o Brasil", diz, com muito sotaque, o carioca, que mora na Vila Madalena. Ele comemorou muito a conquista da medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, com vitória por 11 a 9 sobre o Brasil. Foi uma vingança dos ianques, que haviam perdido para os brasileiros a medalha de bronze da Liga Mundial, em junho, na disputa por pênaltis, por 14 a 13. "Festejei muito também porque sou o primeiro jogador a conquistar cinco medalhas de ouro dos Jogos Pan-Americanos no polo aquático", completou o capitão dos EUA, que foi vice-campeão da Liga Nacional, na semana passada, defendendo o Sesi.
Ricardo Cabral, consultor técnico de polo aquático, da CBDA, diz que estranha as afirmações de Tony "O projeto da CBDA era trazer para a seleção atletas que tinham laços com o Brasil. Nossas prioridades eram o Felipe Perrone, o Tony e o Pietro Figlioli", diz o dirigente.
Perrone, nascido no Rio, defendeu a seleção espanhola até o ano passado, e topou voltar à seleção brasileira, pela qual jogara em 2004; Pietro Figlioli, filho do brasileiro Sylvio Fiolo, que foi recordista mundial na natação, decidiu continuar defendendo a seleção italiana, pela qual foi vice-campeão olímpico em 2012.
"Em reunião conosco, o Tony agradeceu o convite, mas disse que, por questões pessoais, preferia continuar jogando pelos Estados Unidos. Não seria bom para a marca Tony Azevedo se desvincular do polo norte-americano. Ele tem escolinhas de polo aquático lá e até já fez propaganda como Capitão América".