Rio - No último feriado aconteceu na cidade de Vassouras, Centro-Sul do estado do Rio, o JUCS (Jogos Universitários de Comunicação Social). Diferente do que aconteceu nos Jogos Jurídicos, quando relatos de racismo foram destaque negativo no evento, os jogos de Comunicação tiveram pautas progressistas levantadas pelos estudantes na competição que terminou neste domingo com a PUC-RJ sendo a grande vencedora.
Manifestações exaltando a memória de Marielle Franco, vereadora do PSOL-RJ, executada em março e também relembrando Matheusa Passarelli, estudante de artes de Uerj, morta em maio. Além das faixas, as músicas cantadas pelas torcidas tiveram um tom progressista e menos preconceituoso. A crise financeira do estado do Rio e por conseguinte da Uerj também foi uma bandeira levantada pelos estudantes da universidade. O evento ainda contou com um casamento entre duas estudantes da UFF. Durante a cerimônia, os estudantes gritaram: "Jucs sem homofobia".
"A ideia do casamento no JUCS foi minha. Nós iremos nos casar em julho do ano que vem, só que eu queria fazer algo simbólico porque é minha quarta edição no evento e eu estou como vice-presidente de esportes da Atlética, que é algo significativo para mim. Queria que fosse inesquecível para mim e para ela, já que é o primeiro JUCS dela. Os presidentes das Atléticas se reuniram e decidiram fazer o evento. Foi uma das coisas mais bonitas que já vi nos Jogos. Casar nesse ambiente foi a coisa mais bonita que eu já vivi na minha vida. A evolução tem sido muito grande, não era fácil ser representante de qualquer minoria, vivíamos um ambiente hostil, só que felizmente as coisas mudaram e o ambiente tem ficado mais confortável. As pessoas morrem no dia a dia por serem quem são, foi assim com a Marielle e com a Matheusa, então temos que lutar para que as coisas mudem em todos os espaços. O casamento não foi só para nós duas, mas para as pessoas que são como a gente e não consegue se posicionar no mundo com medo de acontecer alguma coisa", afirmou Larissa Maia, que se casou com Vanessa Faria nos Jogos.
A mudança do posicionamento dos jogos têm acontecido graças aos estudantes e também por incentivos das atléticas. O presidente da Associação atlética de comunicação e artes da UERJ, Pedro Paulo, afirmou que a Uerj estimula o senso crítico e o fortalecimento das pautas progressistas entre seus membros.
"A cada edição do JUCS, as delegações vem tomando uma decisão político e social que é muito importante, porque ajuda a dar um direcionamento em relação ao senso crítico dos alunos. No ano passado, todas as delegações deram apoio à Uerj, que estava passando por um momento de greve. Na edição desse ano tivemos bandeiras para Marielle, para a Matheusa, um casamento de duas meninas, foram conquistas para nós. Esporte é sim um posicionamento político", afirmou.
Presente em algumas edições dos jogos, o estudante de Comunicação Social da Uerj, Felipe Sá percebeu o quanto o evento vem adotando uma linha mais progressista nos últimos anos.
"São seis anos seguidos indo ao evento e é muito legal ver a evolução em relação as críticas sociais. Não perdeu sua força como entretenimento, e o nível esportivo, que foi brilhante, mas o mais importante é que o legado do Jucs para a galera que sai da faculdade como formadora de opinião é crítico. É importante para a universidade e para a faculdade. As músicas foram muito mais de críticas aos governos, exaltação das universidades, principalmente as públicas e menos sobre os estereótipos dos corpos, principalmente negros e femininos, diferente do que acontecia em anos atrás", afirmou.
Organizado pela "JC2", o evento começou na última quinta-feira e terminou no último domingo. As universidades participantes foram PUC-RJ, ESPM, UFRJ, Unicarioca, UFF, UVA, UERJ, IBMR, UFRRJ.