Rio - Ex-jogador do Vasco e da seleção brasileira, o meio-campo Juninho sempre se caracterizou por falar o que pensa. E, entrevista ao jornal 'El País', ele conta que sua carreira de comentarista na Rede Globo foi marcada por censura por questionar o trabalho da imprensa, sobretudo dos setoristas dos clubes.
No mês de abril deste ano, Juninho afirmou durante um programa no SporTV que os jornalistas que cobrem os clubes 'são muito piores hoje em dia'. Logo depois, a direção de jornalismo do canal divulgou uma nota oficial condenando os comentários do ex-atleta.
"Grande parte da imprensa joga contra a evolução do futebol. Eles (jornalistas) precisam da gente, os ex-jogadores, para complementar o que não conseguem enxergar. Fui censurado na Globo por denunciar que tinha setorista vendido, que se envolve com sacanagem. E aí, em pleno ano de 2018, sofri censura ao vivo na TV. Nenhum jornalista me defendeu. Pelo contrário, ainda fui humilhado pelo Milton Neves, que deu uma tuitada me ridicularizando. Antes, já tinha recebido ameaças de torcedores. Se eu fui censurado e ameaçado, significa que toda a imprensa também foi. E ninguém compreendeu isso, talvez por ignorância ou medo de perder o emprego", afirmou.
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Ele também afirmou que brigou com os três principais narradores da Globo: "Durante esse período até o episódio da minha saída, seria injusto dizer que eu fui impedido de falar. Mas briguei com os três principais narradores e o principal repórter da casa. Briga grande, discussão pesada, de apontar o dedo na cara e tudo mais em reuniões. Só não teve vias de fato. Queria dar minha opinião e não aceitavam. Enquanto a Globo me deixou trabalhar, fiz minha parte. Saí de consciência limpa. Não vendi minha alma nem meu caráter", afirmou.
Para terminar, Juninho cutucou a imprensa: "Os jornalistas gostam de ironizar ex-jogador por cometer erro de português, mas a gente agrega outro tipo de conhecimento. Sabe qual é a diferença do atleta para o jornalista? É que nós aprendemos desde criança que existe alguém melhor que a gente. O jornalista não tem essa capacidade porque nunca entrou em campo. Não tenho a escrita, o vocabulário ou o estudo do jornalista, mas tenho outra visão de mundo. Foi muito feio observar de perto essa soberba. Como que alguém que nunca pisou num gramado pode ter tanta certeza de uma coisa? Passei a vida inteira sendo criticado. Me disseram coisas absurdas na época em que eu jogava e continuo vivo. Por que não posso criticar a imprensa?, encerrou.