Tite - Luciano Belford/Agência O Dia
TiteLuciano Belford/Agência O Dia
Por HUGO PERRUSO

Apesar do discurso de que o mais importante é o desempenho, e não o título, Tite demonstrou o contrário na convocação da Seleção para a Copa América ao optar por manter a base que foi ao Mundial, em 2018. Sob pressão por um bom resultado em casa, o treinador apostou em 14 remanescentes da Rússia, além de Daniel Alves. Dos 23 jogadores, cinco terão mais de 35 anos na Copa de 2022, deixando nomes mais jovens de fora. O destaque ficou para o retorno de Fernandinho, do Manchester City, aos 34 anos, em detrimento de Fabinho, do Liverpool, de 25. 

"Foi a lista mais difícil que eu tive que fazer até hoje. Quando abre a possibilidade de novos atletas surgirem, aumenta a concorrência, que foi incentivada para elevar o nível. Você tem que escolher dois volantes entre Casemiro, Fernandinho e Fabinho. Aí tem que ter coerência. É duro decidir", afirmou o treinador, defendendo o retorno de Fernandinho após as duras críticas pelas falhas nas Copas de 2014 e 2018. "Também é o mesmo Fernandinho que fez o gol do título mundial sub-20. É um cara que sabe da expectativa e de sua responsabilidade. Vai correr risco de crítica, é da vida, e ele está maduro", assegurou.

Enquanto meio de campo e ataque tiveram mais renovação em relação à Copa do Mundo, com 50% em cada setor, a defesa praticamente não mudou. Dos oito defensores, apenas Alex Sandro e Éder Militão não foram chamados para 2018, além de Daniel Alves, que só ficou fora porque estava machucado. O lateral, com 36 anos, é o mais velho da lista, seguido de perto por Thiago Silva, Miranda e Fernandinho (os três com 34) e Filipe Luís (33), todos do sistema defensivo e que terão mais de 35 em 2022.

Thiago Silva, inclusive, foi submetido a uma artroscopia no joelho direito no dia 6 deste mês e voltou a trabalhar a parte física nesta semana no PSG. A previsão da comissão técnica brasileira é que já se apresente em condições de treinar com o grupo.

O motivo da opção mais conservadora talvez seja por resultado. Com desempenho inferior ao das Eliminatórias para 2018, a Seleção nos oito amistosos pós-Copa se mostrou mais segura defensivamente e teve muitos problemas ofensivos, justamente onde houve renovações, com Allan, Arthur, Lucas Paquetá, David Neres, Everton e Richarlison. Sem contar que destaques de antes como Coutinho e Gabriel Jesus não vivem grande momento.

"Procuramos esse equilíbrio. Não consegui ser competente o suficiente para ter resultado, solidez e criação", afirmou Tite, que, apesar da pressão por resultados e a convocação de mais experientes, manteve o discurso de busca por desempenho.

"A Seleção está jogando no nosso país, há expectativa alta. Vai ganhar? Não sei, quero que tenha o melhor desempenho possível, mesmo correndo o risco de continuidade de trabalho. Sei da importância do resultado, mas não tenho como controlá-lo", declarou.

Apresentações aos poucos
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Além da Copa América, de 14 de junho a 7 de julho, os convocados por Tite também farão dois amistosos, com Catar (dia 5 de junho) e Honduras (dia 9). Por isso, a preparação da Seleção começará no dia 22 deste mês, na Granja Comary, mas o grupo só estará completo após o primeiro teste.
A comissão técnica brasileira dividiu as apresentações do grupo de acordo com os compromissos dos jogadores em seus clubes. Mesmo suspenso até o fim do Campeonato Francês, Neymar não foi liberado pelo PSG e só se integrará no dia 28.
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Únicos times brasileiros com convocados, Grêmio e Corinthians não serão prejudicados nas partidas de volta da Copa do Brasil. Assim, Éverton só se junta ao grupo no dia 29, enquanto Cássio e Fágner apenas no dia 5.
Já os jogadores do Liverpool que vão disputar a final da Liga dos Campeões no dia 1º (Alisson e Firmino) ganharão dois dias de folga antes de se apresentarem. A lista final da Copa América poderá ser enviada à Conmebol até o dia 30. Depois, possíveis alterações só serão permitidas em caso de lesão.
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