A menina de Dois Riachos, em Alagoas, estava emocionada à beira do gramado, acabara de ser impedida, mais uma vez, de conquistar o título mundial. Aquela mulher, lá de um cantinho do Nordeste, via passar o filme de sua vida novamente. Ainda pequeninha, ela encarou o desafio: driblou as dificuldades, entrou na área do preconceito, tabelou com os sonhos e balançou a rede da vitória do time da vida.
E que vida! Seis vezes melhor do planeta, maior artilheira na história das Copas, Marta jamais se escondeu. De lábios coloridos de roxo ou de vermelho, botou a boca no mundo. Matou no peito e cobrou igualdade de gêneros, de cabeça, exigiu determinação das companheiras e, com um toque do mágico pé esquerdo, colocou a palavra certa no canto da rede da emoção.
Com a voz embargada, lágrimas nos olhos, mostrou o quanto é ser grande ao vivo, sem os filtros do Instagram, sem a simulação do comercial de texto marqueteiro. Estava ali inteira, Marta com todas as letras! Gigante! Por isso, é impossível ser Marta. Gênios são inimitáveis, inigualáveis, únicos!
Fernando Faria é Editor do Ataque