A ONG Craques da Vida, idealizada por Franklin Ferreira, tem sido uma porta de entrada para o futebol na Vila Aliança
 - Bruno Feijão
A ONG Craques da Vida, idealizada por Franklin Ferreira, tem sido uma porta de entrada para o futebol na Vila Aliança Bruno Feijão
Por Danillo Pedrosa

'Se não consigo mudar o mundo, posso pelo menos mudar a minha comunidade'. Impulsionado por esse pensamento, Franklin Ferreira decidiu criar a ONG Craques da Vida, que há 23 anos - a completar na próxima segunda-feira - vem mudando a realidade de jovens da Vila Aliança e comunidades vizinhas, seja através do futebol ou outras atividades.

Como quase toda criança, Franklin sonhava mesmo era em ser jogador de futebol. Chegou a jogar até a categoria juvenil do Bangu, mas não seguiu carreira. Para continuar trabalhando com o esporte, ele iniciou o projeto que ajuda outros jovens da comunidade onde nasceu, foi criado e mora até hoje. Lucas Barros e Alexandre, ambos laterais-esquerdos de Botafogo e Vasco, respectivamente, são alguns que deram os primeiros passos no projeto e agora brilham nos gramados do Rio de Janeiro e do Brasil. 

"É uma sensação de vitória. Vê-los encaminhados é uma sensação de dever cumprido. Eu estava certo, ajudei a mudar o local onde moro. Pensava em mudar o mundo, mas o mundo é muito grande. Quero mudar a realidade da Vila Aliança e deixar o meu legado. Amo essa comunidade", afirma Franklin.

E os frutos do projeto vão além do sucesso de algumas promessas locais. Uma das páginas mais bonitas dessa história aconteceu em 2017, quando a equipe formada por jovens da ONG conquistou a Taça das Favelas representando a Vila Aliança, em vitória por 2 a 1 sobre o Jardim Bangu, sob comando de Franklin, em Moça Bonita.

E a ONG Craques da Vida, como o nome sugere, não fica só no futebol. O projeto também incentiva a cultura e a educação de jovens da comunidade, com atividades como street dance, e apoio escolar (Craques da Leitura). A iniciativa é também uma forma de evitar que crianças se envolvam com a criminalidade.

"Nossa prioridade é formar cidadãos, mas as raízes do nosso futebol estão nas comunidades. Hoje, nos tornamos um projeto referência, e muitos jovens vêm nos procurar. Tem até meninos de Niterói jogando com a gente agora", explica o profissional de educação física.

 

Doações em comunidades da Zona Oeste
Franklin Ferreira ao lado de Alexandre e Lucas Barros em doação
Franklin Ferreira ao lado de Alexandre e Lucas Barros em doaçãoDivulgação
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E as boas ações de Franklin Ferreira pela Vila Aliança não ficam restritas aos jovens. Principalmente durante a pandemia, quando as atividades do projeto estão paralisadas, a ONG Craques da Vida se uniu à ONG História que eu Conto para organizar doações nas comunidades da região, com apoio de outras instituições e pessoas físicas. 
Com a ajuda de Alexandre e Lucas Barros, por exemplo, ele organizou uma doação de 150 fraldas geriátricas. Já com o apoio da ONG S.O.S Favela, do Viva Rio, e do Flamengo, Franklin distribuiu frascos de álcool em gel e 495 cestas básicas na Vila Aliança.
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Além da Vila Aliança, as ações contemplaram outras comunidade e bairros da Zona Oeste, como Vila Kennedy, Vila Vintém, Senador Camará, Santíssimo, Conjuntão (Padre Miguel), Nova Sepetiba, Realengo e Catiri.  
 
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Hoje no Vasco, Alexandre Meloé só gratidão ao projeto social
Alexandre Melo, lateral-esquerdo do Vasco, começou a carreira atuando pela ONG Craques da Vida
Alexandre Melo, lateral-esquerdo do Vasco, começou a carreira atuando pela ONG Craques da VidaRafael Ribeiro/Vasco
Promovido aos profissionais do Vasco no fim do ano passado, pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, o lateral-esquerdo Alexandre é uma das grandes promessas que iniciou a carreira na ONG Craques da Vida. Sob comando de Franklin, chegou a atuar como zagueiro e volante até chamar a atenção do Botafogo.
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"Alguns amigos que jogavam lá me chamaram para fazer um treino. Aí o Franklin gostou e me mandou voltar, disputei uns torneios pelo time, como a Taça das Favelas. Quando eu estava na Copa Zico, um olheiro do Botafogo me chamou e fui para o time. Mas foi só um ano lá. Depois, vim para o Vasco", conta Alexandre, que tem contrato com o Cruzmaltino até o fim do ano. O sentimento é de gratidão a Franklin, que o ajudou a entrar no mundo da bola.
"Falo com ele direto, nem só pelo projeto, mas sobre o dia a dia do Vasco, vejo se ele precisa de ajuda para os garotos... Estou sempre à disposição. Sou grato por tudo que ele fez por mim e pelas outras pessoas da comunidade", disse o jogador. 
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Lucas Barros, do Botafogo,foi descoberto por Franklin
Lucas Barros, hoje no Botafogo, foi descoberto pela ONG
Lucas Barros, hoje no Botafogo, foi descoberto pela ONGVitor Silva / Botafogo
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O lateral-esquerdo Lucas Barros, do Botafogo, foi mais um dos talentos observados por Franklin a chegar aos profissionais de um grande clube do Rio. Atualmente, ele tem contrato com o Glorioso até 2022, mas foi no Craques da Vida que ele começou a trilhar o caminho de sucesso no futebol.
"Ele estava jogando uma pelada na quadra ao lado de onde eu estava e eu falei que era melhor que ele, brincando. Ele me mandou pegar minha chuteira, aí impressionei ele. Fiquei cruzando a bola na área, correndo. Aí ele ajudou a marcar um teste para mim no Botafogo e eu passei", relata o lateral-esquerdo, que agora carrega os ensinamentos de Franklin para toda a vida.
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"Aprendi muita coisa no projeto. O Franklin é um cara extraordinário, disposto a ajudar todos nós. Ajudou a me formar também como ser humano, apoia sempre a comunidade. O projeto dele salvou muitas crianças", afirma Lucas, que agora serve como espelho para outras crianças e mantém contato com o antigo professor. "Ainda moro bem perto, então sempre tento ajudar".
 
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