Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, é contrário ao plano da Fifa pela realização da Copa do Mundo a cada dois anosAFP

Nyon - Um duelo de titãs. É como pode ser resumida a disputa entre a Fifa e a Uefa pelo controle do calendário da bola. Atento às movimentações da entidade máxima de futebol, Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, em entrevista ao diário inglês 'The Times', se posicionou contrário ao plano de realização da Copa do Mundo a cada dois anos e ameaçou boicotar as pretensões da Fifa.

Com o calendário cada vez mais apertado e caótico, Ceferin não enxerga brechas para a mudança na periodicidade da competição, que terá o Catar como sede em dezembro de 2022. À frente da organização do calendário das principais competições europeias, o dirigente subiu o tom. Vale destacar que a pandemia do novo coronavírus impactou o planejamento de muitas seleções, como as da América do Sul. Com as Eliminatórias em curso, muitos países têm encontrado dificuldade para conseguir a liberação de atletas que jogam no exterior, em razão dos protocolos sanitários.
"Podemos decidir não jogar nesse modelo. Até onde sei, os sul-americanos estão na mesma página que nós. Então boa sorte com uma Copa do Mundo assim", disse Ceferin ao 'The Times'.

A queda de braços está aberta e sem favoritismo para o vencedor. Em maio, a Fifa iniciou os estudos para a viabilidade do plano no congresso anual da entidade. Na ocasião, 166 associações nacionais votaram a favor e 22 votaram contra. O assunto voltou a ganhar força na última semana após mais uma sessão de reuniões promovida pela Fifa.

"Eu acredito que isso nunca vai acontecer porque vai contra os princípios básicos do futebol. Jogar a cada verão um grande torneio com um mês de duração, para os jogadores será a morte. Se for a cada dois anos, vai bater com a Copa do Mundo feminina e o torneio olímpico de futebol", afirmou Ceferin.

Não bastasse  o apertado calendário europeu, continente que concentra os principais clubes e jogadores do mundo, com competições nacionais e internacionais, como Liga dos Campeões e Liga Europa, o plano ainda terá influência direta em convocações para eventos como Eurocopa, Copa América, Eliminatórias, Jogos Olímpicos e amistosos com data Fifa.