Comentaristas batem boca ao vivo na ESPNReprodução/ESPN
Ex-jogador do Corinthians e comentarista da ESPN são acusados de racismo após comentários
Bate-boca foi mal visto por torcedores que condenaram as falas dos participantes
Rio - A estreia do novo programa da ESPN, "F90" deu o que falar. Na noite da última segunda-feira, o novo quadro do canal teve uma discussão de ânimos exaltados entre o ex-jogador Zé Elias e o jornalista Pedro Ivo, devido a um debate iniciado por Fabio Sormani acerca da má fase que vive os jogadores que vieram da base do Palmeiras. Os comentários de Elias e Sormani fizeram os dois serem acusados de racismo nas redes sociais.
Sormani iniciou a discussão ao afirmar que tinha a impressão de que os jovens jogadores do Palmeiras acabaram se deslumbrando com os títulos e o sucesso, e ainda indagou sobre a mudança de cabelo feita por Danilo, que agora usa dreads. Posteriormente, o comentarista admitiu que o comentário poderia ser visto como preconceituoso.
“Tem um negócio um negócio que a gente tem que levar muito em consideração, e ponderar nesse momento – e o Zé [Elias] pode falar melhor que nós -, é que a impressão que me dá é que é que esses garotos do Palmeiras se deslumbraram. Você vê o Danilo com o cabelo rastafári… os caras estão deslumbrados. O Patrick de Paula foi pego em uma quebrada ai durante a noite e foi afastado. Precisa ver como é que essa molecada está se comportando. O meu meio campo [ideal] do Palmeiras é Danilo e Patrick de Paula, mas esses caras não estão entregando. E por que esses jogadores não estão entregando? É chuteira colorida, rastafári, fitinha… divisão do foco. Ao invés de passar seu tempo estudando o adversário, você passa seu tempo na frente do espelho olhando o rastafári. Pode parecer careta e preconceituoso, mas o Zé pode falar melhor sobre isso”, opinou Sormani.
Foi então que Zé Elias assumiu a palavra e disse que jogadores de futebol precisam ter foco. O ex-atleta ainda usou jogadores que fazem tatuagem como um mau-exemplo.
“Eu vou falar uma frase que eu lembro da minha primeira semana como jogador profissional. Joguei contra o Cruzeiro e na segunda-feira o Mário Sérgio olhou pra mim e falou: ‘garoto, coloca uma coisa na sua cabeça, você vai ter tempo de jogar futebol, treinar e dar suas saídas, mas cuide da sua profissão, porque o que você fizer agora, vai te dar possibilidades quando você tiver 35 anos te dar uma tranquilidade. É o foco que você tem. (…) O jogador por si só, primeiro tem que ser um profissional, respeitar o contrato que assinou e camisa que veste. Depois, a sua conduta não pode perder o foco. Não tenho nada contra quem tem tatuagem, mas em determinados momentos, na vida desses garotos não podem chegar no profissional e ter o braço fechado. O problema em si não é a tatuagem, é o foco”
Visivelmente desconfortável com a afirmação do colega de bancada, Pedro Ivo discordou de Zé Elias e avisou sobre o perigo de levar a discussão para esse lado.
“Eu discordo Zé. Antes de qualquer coisa eu respeito muito a vivência dele de vestiário. A gente não pode apontar o dedo por situações específicas. Tem muita molecada de braço fechado, que pinta o cabelo, que joga muita bola. É perigoso quando a gente condiciona certos símbolos, como uma tatuagem, que pode ter um significado. Um penteado, que às vezes é algo cultural. Foco é uma coisa, representações no corpo é perigoso ir por esse caminho.”
O ex-jogador se irritou com a colocação de Pedro Ivo e disparou: “Você não entendeu, você está levando para o preconceito. Eu não usei exemplo como preconceito. Você está levando para um lado que eu não levei, eu dei exemplos, não falei nada de cultura e cabelo. Não desvie o que eu falei. Não fuja disso. Não desvirtue o que eu falei. Você está levando para um lado diferente. A forma com que você coloca dá entender que eu to sendo preconceituoso. Eu não fiz o julgamento de pessoa. Preste atenção no que falei. Eu dei exemplos do que acontece”, concluiu.
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