Cuca, quando era treinador do CorinthiansRodrigo Coca/Agência Corinthians

O caso de coação e ato sexual contra uma menor de idade na Suíça em 1987 envolvendo o treinador Cuca ganhou um novo capítulo na última quarta-feira (3), quando o Tribunal Regional de Berna-Mittelland, da Suíça, anulou a sentença que condenou o técnico. Entretanto, pode-se dizer que ele foi inocentado de tal processo?
As novas decisões de Justiça da Suíça não são uma revisão da inocência de Cuca. Os advogados do ex-treinador alegaram que ele foi julgado à revelia, ou seja, sem apresentar nenhuma defesa. Seu representante na época, Peter Stauffer, deixou o caso um ano antes da audiência principal. Ademais, não havia o registro de um domicílio legal do brasileiro, o que significa que Cuca não pôde ser comunicado nem do julgamento e nem da decisão da Justiça suíça.
Com isso, a juíza Bettina Bochsler, do Tribunal Regional de Berna-Mittlelland, o mesmo onde Cuca foi condenado, decidiu anular o processo, alegando que houve uma falha na norma onde o processo do treinador foi dirigido. Entretanto, isso não significa que os outros três jogadores envolvidos nos episódios tiveram suas condenações anuladas, sabendo que cada processo é isolado.
Cuca foi julgado e condenado a 15 meses de prisão, mas como estava no Brasil nunca cumpriu a sentença. O advogado Willi Egloff, que representou a jovem, disse em entrevista ao "Uol" que ela reconheceu o treinador como um dos estupradores e que exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna detectou sêmen do então jogador no corpo da menina. Ao "Jornal dos Sports", em 1989, o treinador chegou a confessar que manteve relações sexuais com a garota de 13 anos, afirmando que ela não aparentava ter a idade que tinha e o sexo havia sido consensual.
"A tal menina, a Sandra Pfaffli, era do tamanho de um armário e não tinha carinha de menina, não. Ela subiu para fazer sexo com um de nós no apartamento. O nome, reservo-me o direto de omiti-lo. Estavam em pleno ato quando apareceu o pai dela e armou todo aquele escândalo. A partir daí, foram dias e noites infinitas. Estava há cinco dias no Grêmio e com um contrato de cinco meses a cumprir. Pensei que estivesse tudo acabado para mim, embora tivesse consciência tranquila. Quando soube da repercussão do caso na imprensa brasileira, aí mesmo é que me desesperei", disse Cuca, na época.