Rayssa Leal é o principal nome do skate no BrasilDivulgação/Prefeitura de Saquarema
A briga política se dá porque a World Skate passou a exigir aos seus filiados que cada país fosse representado por apenas uma federação. Como o Brasil tinha a CBSk e a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) como integrantes do quadro, a entidade global propôs uma fusão, veementemente recusada pela CBSk, que acabou desfiliada no último desfecho do impasse. Com isso, o COB foi nomeado como gestor provisório do skate brasileiro, até a Olimpíada de Paris, enquanto a CBHP se organiza para se tornar uma nova federação, chamada "Skate Brasil", que abrigará tanto os esportes sobre patins quanto as categorias do skate, inclusive as olímpicas park e street, conforme acordado com a WS.
A CBSk diz que a decisão "foi tomada de maneira arbitrária, carregada de teor político e cercada por irregularidades". Afirma também que "o próprio estatuto da Federação Internacional indica que a entidade máxima do esporte no país deve ser consultada sobre o tema, o que não aconteceu" e que a desfiliação "não poderia ser um ato exclusivo da diretoria da entidade".
No comunicado desta quinta, a World Skate, único órgão regulador reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para o skate, destaca que o estabelecimento de uma representação única em cada país está em seu estatuto desde 2019, conforme definido em votação em congresso com a presença da CBSk. Após novas assembleias, em novembro de 2021 e outubro de 2022, a aplicação da regra foi adiada para 31 dezembro de 2023. Foi dado, então, um prazo para CBSk e CBHP chegarem a um entendimento, assim como foi feito com entidades de outros países com mais de uma representação.
"Durante um período de quatro anos e cinco meses, a World Skate tem solicitado repetidamente aos países com mais de uma Federação Nacional que cumpram os Estatutos. A este respeito, a World Skate esclarece que a decisão não foi tomada de forma arbitrária, mas sim de acordo com as regras estabelecidas no artigo 3º dos Estatutos da World Skate, aprovados pelo Congresso em 2019", diz a WS.
A federação internacional cita os artigos do estatuto que tratam do assunto para mostrar as opções que estavam ao alcance das duas entidades brasileiras.
Também é destacado o artigo 3.4, que dá à World Skate o direito de escolher o órgão único de cada país no caso da falta de acordo entre as entidades envolvidas, como ocorreu no Brasil. "Não tendo conseguido chegar a acordo entre as duas federações, CBHP e CBSK, nos prazos fixados, e considerando que a proposta da CBSK não cumpria o paradigma estabelecido pela World Skate, teve em consideração a proposta da CBHP, e pediu a este último para estabelecer um único Órgão Governante Nacional para todos os esportes governados pela World Skate", explica a entidade.
A WS rebateu, ainda, as afirmações da CBSK de que o recente anúncio do sistema classificatório para os Jogos Olímpicos também teria sido feito de forma arbitrária.
Ao finalizar o texto, a World Skate diz que argumentos utilizados pela CBSK relacionados às leis brasileiras não são aplicáveis à situação. "Ressaltamos ainda que as leis nacionais que regem a existência jurídico-administrativa de uma entidade privada nada têm a ver com as regras da World Skate e da Carta Olímpica que determinam o reconhecimento e estatuto desportivo a nível internacional e nacional da referida entidade privada."
A entidade internacional reforçou sua confiança no COB, apontado para gerir o skate brasileiro até o Olimpíada de Paris. "É a única entidade habilitada a administrar o programa olímpico nacional e a participação dos atletas nos Jogos Olímpicos, e temos certeza que administrará da melhor forma possível os interesses dos atletas brasileiros", diz a WS.
Em sua nota oficial, a CBSk pediu ao COB, com o qual não tem uma boa relação, que não a impedisse de continuar gerindo a modalidade em âmbito olímpico. O COB, por sua vez, acatou a decisão da World Skate e irá criar uma força-tarefa para dar suporte aos atletas e continuar a preparação para os Jogos Olímpicos.
"O Comitê Olímpico do Brasil (COB) recebeu ofício da World Skate (WS) informando que a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) foi desfiliada após decisão tomada pelo comitê executivo da entidade. Com a definição, a CBSk não é mais a representante da modalidade no Brasil perante a federação internacional. Diante da informação dada pela WS, o COB criará uma força-tarefa para cuidar da preparação dos atletas brasileiros para os Jogos Olímpicos Paris 2024 e seguirá o planejamento definido anteriormente, com todo apoio aos classificados e aos que ainda buscam qualificação para o evento", afirma a entidade máxima do esporte olímpico no Brasil.
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