Ayrton Senna, ídolo do BrasilJean-Loup Gautreau / AFP

Rio - Na quarta-feira (17), o tetracampeonato mundial da seleção brasileira em uma final emocionante contra a Itália, decidida apenas nos pênaltis, na Copa de 1994, completa 30 anos. No gramado, após a cobrança desperdiçada por Baggio, o elenco, durante a festa, fez uma homenagem a Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1.

O piloto, que morreu após um acidente sofrido no GP de San Marino, em Ímola, na Itália, no dia 1º de maio, foi destacado pelos jogadores comandados por Carlos Alberto Parreira em uma faixa: "Senna… Aceleramos juntos, o Tetra é nosso!".
Homenagem da seleção brasileira a Ayrton Senna - Divulgação/X @FIFAWorldCup
Homenagem da seleção brasileira a Ayrton SennaDivulgação/X @FIFAWorldCup


A Seleção sentiu o baque da perda de um dos maiores ídolos da história do esporte nacional. Isso foi destacado pelo goleiro Taffarel, um dos grandes nomes da campanha na Copa de 1994. 

"Sem dúvidas o acidente do Senna mexeu bastante com a gente. Mexeu com todo brasileiro, com todo mundo que gostava dele, e era todo mundo mesmo. Foi uma tristeza muito grande. Aquilo nos deu um impulso, porque nós queríamos fazer aquilo que ele sempre fez pelo povo brasileiro: dar alegria. Todo domingo ele dava alegria para o povo. Então a gente usou isso de alguma maneira", disse Taffarel, ao O DIA.
Em entrevista à reportagem, Bebeto também falou com carinho de Ayrton Senna. O ex-atacante ainda mostrou que, mesmo fora do país, não deixava de torcer junto com os brasileiros pelo piloto.
"Tivemos a morte do Ayrton. Era o nosso ídolo. Todo mundo, aos domingos, parava (para vê-lo). Eu jogava na Espanha, mas quando não tinha jogo no domingo, eu estava ligado no Ayrton Senna. A gente tinha perdido o Ayrton, cara", contou Bebeto.

Amistoso na França

Ayrton Senna conversa com a arbitragem antes de dar o pontapé inicial - Reprodução/TV Globo
Ayrton Senna conversa com a arbitragem antes de dar o pontapé inicialReprodução/TV Globo
No dia 20 de abril de 1994, a seleção brasileira fez um amistoso contra o combinado Bordeaux/PSG, no Parque dos Príncipes. Ayrton foi ao estádio e deu o pontapé inicial daquela partida.
"No jogo lá em Paris, fomos fazer um amistoso, eu não fui porque fiquei doente, infelizmente. Disseram que ele procurou por mim, mas eu estava doente. Ele deu o pontapé inicial e disse: 'Olha, eu vou ser tetracampeão do mundo e vocês vão ser tetra também, hein! Vou torcer para isso'. A gente foi tetra e ele infelizmente se foi tão cedo. A homenagem foi dedicada a ele também, essa Copa do Mundo. A gente estava com isso na cabeça", disse Bebeto.
"A gente saiu com uma faixa. Uma emoção danada. Sem dúvida nenhuma foi para ele também. Sempre (pensávamos no Senna). Até na preleção o Parreira e o Zagallo falavam. A gente pensou muito nele, tanto que dedicamos para ele", completou o ex-atacante.
Naquela época, Ayrton Senna e a seleção brasileira viviam momentos similares. O piloto buscava o quarto título mundial de Fórmula 1 e lidava com a pressão de um começo difícil na temporada. A seleção brasileira, por sua vez, queria conquistar o tetra da Copa do Mundo e lidava com a pressão pelo jejum de 24 anos sem conquistar o torneio.
"Ele foi em Paris, onde fizemos um amistoso, deu o pontapé inicial, falou com a gente. Um cara simples, extraordinário. Assim como a Seleção, ele queria ser tetra também (na Fórmula 1). Então, teve muita coisa que nos fez próximo dele. Até hoje temos essa ligação do tetra com o Ayrton Senna", lembrou Taffarel.
*Com colaboração do estagiário Lucas Dantas, sob supervisão de João Alexandre Borges.