Torcidas de Santa Cruz e Sport se envolvem em briga no RecifeReprodução de vídeo

O governo de Pernambuco decidiu que os próximos cinco jogos de Santa Cruz e Sport serão realizados sem torcida. A medida foi anunciada pela governadora Raquel Lyra após as cenas de bárbarie que tomaram conta das ruas do Recife no último sábado (1º) entre torcedores de ambos os clubes.
Segundo ela, é necessário "seguir um protocolo de cumprimento de cadastramento, reconhecimento facial e identificação dos torcedores que frequentam os estádios".
"Vimos cenas lamentáveis de selvageria e barbárie. Pessoas revestidas de torcedores estavam praticando ações criminosas, colocando sentimento de terror na cidade", disse Raquel Lyra.
A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) também determinou que todos os clássicos do Campeonato Pernambucano de 2025 serão disputados com torcida única. Em nota, a entidade ressaltou que as "cenas lamentáveis de violência não ocorreram nos arredores do estádio e não têm relação direta com a realização do jogo em si, mas que essa é a melhor solução para garantir a segurança dos torcedores e preservar o futebol como um espaço de lazer e emoção".
Ao todo, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), 14 pessoas foram detidas após os incidentes. Além disso, dos 12 feridos que deram entrada no Hospital da Restauração, seis receberam alta, enquanto três seguem internadas. O estado de saúde delas não foram informados. 

Santa Cruz e Sport se manifestaram

Em nota, os dois clubes tiveram posicionamentos contrários. O Leão da Ilha, através do presidente Yuri Romão, mostrou-se contra a ação do governo e afirmou que colocar as ações na conta de ambos é "decretar a falência do futebol de Pernambuco. 
"O que ocorreu hoje em nada tem a ver com o futebol. Trata-se de uma barbarie, fomentada, principalmente, por questões sociais. Acrescento que, o assunto deve ser tratado pelo poder público, pelas forças de segurança do estado, bem como, pelo poder judiciário. Nenhum dos clubes que estiveram em campo na tarde de hoje possuem poder para inibir a ação desses marginais. Por isso mesmo, não podem ser punidos com a medida extrema de “fechamento” de portões. Imputar, terceirizar, responsabilidades a estas associações é decretar a falência da segurança pública do estado de Pernambuco, bem como, do futebol do nosso estado."
O Santinha, por sua vez, não foi contrário, nem a favor, da medida. Porém, repudiou os atos. 
"O Santa Cruz vem a público condenar todos os atos violentos envolvendo torcedores nas ruas do Recife, neste sábado (1/2) e se coloca à disposição das autoridades e demais clubes para encontrar soluções e banir de vez à violência do futebol em Pernambuco."

Ministério do Esporte condenou os atos

Em comunicado à imprensa, o Ministério do Esporte afirmou que é preciso ser feito uma "investigação rigorosa e a responsabilização de todos os envolvidos" e cobrou das autoridades públicas uma prevenção para que episódios como o de sábado não aconteçam mais. 
"O Ministério do Esporte lamenta e manifesta total repúdio aos atos de violência registrados em Recife (PE), antes do clássico entre Santa Cruz e Sport. As cenas lamentáveis de confronto entre torcedores não condizem com os valores que o esporte deve promover, como respeito, união e convivência pacífica.

O futebol é uma expressão cultural e popular que mobiliza paixões e gera oportunidades de confraternização entre os cidadãos. A transformação desse ambiente em palco de violência é absolutamente inadmissível e prejudica a imagem do esporte, afugenta famílias dos estádios e coloca em risco a segurança de todos os envolvidos.

O Ministério reforça a necessidade de investigação rigorosa e a responsabilização de todos os envolvidos. Também defendemos ações coordenadas entre autoridades públicas, clubes, federações e torcedores para prevenir episódios de violência.

No final do ano passado, lançamos a campanha Cadeiras Vazias justamente com o objetivo de iniciar o debate e unir todos os atores em prol da paz nos estádios.

Nosso compromisso é com a construção de um ambiente esportivo seguro e acolhedor. Continuaremos trabalhando para garantir que o esporte seja um espaço de integração e não de divisão."