Seu Delneri e sua filha mais velha, Glaucia, compartilhavam paixão intensa pelo BotafogoArquivo pessoal
Do passado ao presente: legado de seu Delneri segue vivo em título inédito do Botafogo
Torcedor símbolo do Glorioso faleceu em 2017, mas amor pelo clube continua na família
Rio - Campeão da Libertadores no último sábado (30) e próximo de faturar o Campeonato Brasileiro, o Botafogo, através de suas conquistas, honra não só seus torcedores, mas também os que não estão mais neste plano espiritual. É o caso, por exemplo, de Delneri Martins, torcedor símbolo do clube que morreu em 2017, aos 72 anos, vítima de complicações do diabetes.
Com 96 tatuagens espalhadas pelo corpo, sendo grande parte em homenagem ao Glorioso, ele começou a torcer pelo clube ainda quando vivia no Rio Grande do Sul. A relação se intensificou em 1968, depois que se mudou para o Rio de Janeiro e presenciou as conquistas do Brasileiro e do Carioca.
O amor imensurável pelo Botafogo foi repassado para as gerações seguintes da família. Afinal, além da mulher, Malvina, as filhas Glaucia e Marcela também são alvinegras. Porém, não só elas seguiram os passos de seu Delneri.
"Ele influenciou toda família. Minha mãe tinha nove irmãos, são todos botafoguenses. Inclusive, esses irmãos casaram-se com botafoguenses e os filhos também são", disse Glaucia, de 41 anos, filha mais velha de seu Delneri, em conversa com O DIA.
Antes desta temporada, o Botafogo passou sete anos sem disputar a Libertadores. A campanha de 2017, interrompida nas quartas de final pelo Grêmio, foi a última da competição sul-americana vista por Delneri quando ainda era vivo. Ele tinha esperanças de ver o time sagrar-se campeão. No entanto, do céu, assistiu a equipe comandada por Artur Jorge conquistar a América.
Poucos dias depois de falecer, recebeu uma homenagem em um dos muros próximos ao Nilton Santos: sua foto pintada com uma frase dita por ele mesmo em uma entrevista passada: "Dizem que o amor deixa a vida colorida. Eu discordo. Meu amor é preto e branco".
O estádio, por curiosidade, tem nome de seu maior ídolo no Glorioso. O histórico lateral-esquerdo, inclusive, estava eternizado no corpo do símbolo botafoguense.
Em vida, seu Delneri dizia que Glaucia era mais torcedora do que ele. Juntos, íam para jogos em casa, fora do Rio e até longe do país, com Argentina e Paraguai carimbados na memória.
Atualmente, quase toda a família vive em um sítio. Entre tios e primos, assistiram o título da Libertadores e pretendem se reunir novamente para ver o Botafogo em busca do Campeonato Brasileiro para, assim como Delneri, em 1995, ano do último título nacional do clube carioca, fazerem uma grande festa e cantarem "e ninguém cala esse nosso amor", tatuagem preferida que cobria todas as costas do icônico torcedor.
*Reportagem dos estagiários Lucas Dantas e Theo Faria, sob supervisão de Pedro Logato
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