Nenê tenta superar a marcação de Marcos Rocha - Lucas Mercon/fluminense f.c.
Nenê tenta superar a marcação de Marcos RochaLucas Mercon/fluminense f.c.
Por O Dia
Havia um motivo para Fernando Diniz não escalar Paulo Henrique Ganso e Nenê juntos. E, certamente, a justificativa não era de que dois meias de qualidade não podem atuar juntos.

Diniz era bom jogador, formou meio com Neto e Djalminha no Guarani. Com Djalma também no Palmeiras, onde teve ainda Rincón como companheiro. Colombiano que ele reencontrou no Corinthians, quando fez parceria com Marcelinho Carioca. Ele sabe que é possível, desde que se tenha garantias defensivas pra isso.

A questão não é o que eles podem fazer reunidos, mas o que deixam de contribuir coletivamente quando agrupados. E no seu modelo de jogo, isso não era possível.

Nas únicas oportunidades em que o treinador colocou a dupla em campo, foi com Nenê entrando no segundo tempo, no lugar de Marcos Paulo, ocupando a vaga de um dos homens de ataque que jogam pelo lado. Foi assim contra Internacional e Atlético Mineiro. Com isso, apesar da já conhecida lentidão de Ganso, mantinha-se um meio-campo um pouco mais móvel, com Allan e Daniel fazendo a distribuição do jogo junto dos laterais.

Sem o jovem volante contra o Palmeiras - estava com a Seleção Olímpica -, a opção por um trio formado por Aírton, PH e Nenê mostrou-se suicida. Principalmente num time que aos poucos vem perdendo suas melhores características. Entre elas, o passe e a movimentação.

Com 57% de posse de bola, o Flu manteve a alta média no fundamento, mas com menos qualidade. Pelo terceiro jogo seguido no Brasileirão - todos sem Diniz -, o time trocou menos passes que a sua média no campeonato, que é de 488. Ou seja, mesmo tendo o domínio da redonda, a equipe envolve menos o adversário, se movimenta com mais dificuldade e acaba abusando das individualidades. Por isso cria pouco.

Nenê, mesmo sendo apenas o 7º que mais trocou passes na partida - 40 -, foi o segundo que mais tempo ficou com a bola - 7,76%, segundo o Footstats. Prendeu demais. Não à toa foi o terceiro que mais errou passes (6) e que mais vezes foi desarmado (6). De produtivo, apenas alguns cruzamentos em bola parada.

Já Ganso, mais recuado para ajudar na transição, foi quem mais acertou passes (61), mas também o 2º em erros (8). Muito por conta do espaço entre os setores. Ao voltar para buscar a bola, o camisa 8 tinha um campo interior à sua frente, mas com companheiros distantes. Sem velocidade, encontrou quase sempre um Palmeiras bem postado. Num raro momento em que conseguiu chegar próximo da área, João Pedro desperdiçou a grande chance do time.

Com o meio estático, sobrou para o Flu sair pelos lados, com os laterais e pontas. Faltava sempre, porém, um terceiro apoio, que normalmente é dado por Allan ou Daniel. Ganso e Nenê não deram, e as jogadas morreram quase sempre num dos 41 passes errados do time no jogo - terceira pior marca da equipe no Brasileiro. E toma-lhe jogada nas costas dos laterais na sequência.

O declínio não começou sob o comando de Oswaldo Oliveira, é claro. Sem Everaldo e Luciano, responsáveis pela movimentação ofensiva no melhor momento do Flu na temporada, o poderio ofensivo já dava sinais de queda ainda com Diniz. E piora sem Pedro. Mesmo com o surgimento dos ótimos João Pedro e Marcos Paulo, que ainda oscilam naturalmente em razão da idade.

Ganso não acelera porque não consegue e Nenê porque segura em demasia. Quando a bola encontra Yony González, Wellington Nem e João Pedro, já é tarde demais. Que Oswaldo não tarde também a perceber.