- Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por André Schmidt
Já escrevi aqui, mais de uma vez, alguns elogios sobre o Flamengo. E, aliás, não há outra coisa a se fazer em relação a esse time além de enaltecê-lo. Então repito: o que faz o Rubro-Negro desde a chegada de Jorge Jesus é especial. E tem tudo para se tornar histórico, imortal. Para o clube e para o futebol brasileiro.

Desde o Santos de Pelé, Pepe e Coutinho, campeão da Taça Brasil e da Libertadores em 62 e 63, que um time brasileiro não faz essa dobradinha. Nem o Flamengo de Zico.

Os matemáticos cravam 97% de chance do clube ficar com o título brasileiro. A bola que vem jogando completa os 100%. E na Libertadores a expectativa é a mesma, apesar da dificuldade natural que uma decisão em jogo único oferece.

Esse Flamengo, no entanto, tem sido uma resposta constante aos que duvidam. 

Primeiro, questionou-se a capacidade de elenco, se seria melhor que do Palmeiras, atual campeão nacional. Chegaram Rafinha, Marí, Filipe Luís e Gérson, e a dúvida foi encerrada, cara a cara, num 3 a 0 inquestionável sobre o Alviverde no Maracanã.

Surgiu, naturalmente, outro rival: o Santos de Sampaoli. Seria Jorge Jesus capaz de superar taticamente o argentino? E uma nova vitória no Rio, dessa vez por 1 a 0, deu a resposta.

Para não deixar novas perguntas, de forma geral, abriu larga vantagem na liderança do Brasileiro e agora praticamente conta as rodadas para levantar a taça de forma antecipada. Tornou-se, no campeonato, inquestionável. Restou, então, a Libertadores.

Será que no mata-mata, no tiro curto, o Flamengo sucumbiria, como aconteceu na Copa do Brasil? A dúvida foi encerrada contra o Grêmio, nesta quarta-feira. O Rei de Copas caiu na sua especialidade, de forma acachapante e indubitável: 5 a 0 num Maracanã em noite mágica.

O Flamengo, que já havia sido superior no Sul, diante do seu torcedor voltou a ser também eficiente. Concluiu 10 de suas 15 finalizações no alvo. Cinco nas redes. 

Foi a segunda maior goleada em uma semifinal de Libertadores, perdendo apenas para o 6 a 0 do Atlético Nacional, de Higuita e Usuriaga, em 89, contra o Danúbio, do Uruguai. Foi também a pior derrota do Tricolor na história da competição continental. 

Tudo isso contra um dos melhores Flamengo de todos os tempos. Das últimas décadas, certamente. Ainda que (re)montado em poucos meses.

Um time completo montado para ser campeão, do goleiro ao ponta esquerda. De um lado ao outro também do banco de reservas, passando inclusive pelo departamento médico, que conseguiu colocar Arrascaeta e Rafinha em campo.

É difícil achar falhas. Tanto quanto anular suas muitas qualidades.  

Após 38 anos, o Rubro-Negro volta a uma final de Libertadores. Para enfrentar um River Plate que, no mesmo período, esteve presente em quatro e venceu todas.

Não dá para desmerecer um adversário com um currículo desses, mas é impossível também ficar inerte ao que esse time faz. A forma como se impõe, a concentração os 90 minutos, a intensidade , a eficiência e a maneira como transforma jogos complicados - como foi o 1º tempo - em noites de gala - como foi o 2º -, tornam Gabigol e companhia a equipe mais temida hoje no continente.

O River Plate é a última barreira desse Flamengo antes da imortalidade.