Mesmo com toda a tecnologia, no Brasil, o árbitro de vídeo segue deixando dúvidas para trás. Sem clareza nas imagens, coloca em xeque a própria credibilidade. Mais pela forma como vem sendo conduzido do que pela sua existência, realmente necessária.
No duelo entre Ceará e Vasco, neste sábado, por exemplo, uma das linhas é traçada no pé do zagueiro Leandro Castan. Essa parte do corpo do atleta, no entanto, não aparece na imagem. Ou seja, não é possível mostrar ao público com precisão onde realmente está o membro do jogador que daria condição a Bergson para marcar.
Num lance milimétrico, centímetros fazem a diferença.
Outro questionamento no lance é a origem da batida inicial. A velocidade do movimento do chute faz com que se torne praticamente impossível determinar quando acontece precisamente o toque na bola. Na imagem divulgada, a redonda parece já estar saindo do pé do jogador do Ceará. Seria realmente aquele o primeiro contato? No frame anterior, como estavam as posições de Castan e Bergson? Não saberemos.
A fração de segundo numa mudança de recorte, com jogadores se movimentando para lados distintos, pode significar uma diferença grande na hora de tracejar as linhas. E quem define o frame a ser utilizado, o instante a ser analisado, é o árbitro da cabine, não a tecnologia.
Esse tipo de lance, portanto, deveria ser considerado inconclusivo e mantida a decisão de campo. Não foi o que ocorreu.
Pode ser que o VAR tenha acertado ao validar o gol cearense e outros discutíveis do campeonato - assim como nas anulações -, mas ao não conseguir demonstrar isso de forma clara e inquestionável para o público, perde uma de suas funções mais básicas, que é encerrar com as dúvidas.
É como diz o velho provérbio: "A mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer honesta". O VAR, idem.