Rodolfo Landim garante que não chegou a um acerto com GabigolThiago Ribeiro / AGIF

Já há algum tempo, Rodolfo Landim vem trazendo à tona o assunto SAF no Flamengo.

Na maioria das oportunidades que fala a respeito, quase sempre linca a transformação do clube em sociedade anônima do futebol à construção do estádio próprio e a preocupação com a proximidade de rivais que já são SAF e que possuem uma arrecadação financeira nova, que os permite encostar no patamar financeiro que o Flamengo conquistou ao longo dos últimos anos.

Landim já realizou algumas reuniões e palestras para que os conselheiros entendam como será o projeto pensado por ele.
Rodolfo Landim - Lucas Felbinger/O Dia
Rodolfo LandimLucas Felbinger/O Dia


Entretanto, a ideia não caiu no gosto nem dos conselheiros, nem na maioria dos 50 milhões de torcedores rubro-negros.

Em recente viagem à Europa para acompanhar a final da Champions League entre Real Madrid e Borussia Dortmund, o atual presidente do Flamengo aproveitou o momento para conversar com investidores que tenham interesse na SAF Flamengo.
Landim acompanhado de Gustavo Oliveira, vice-presidente de comunicação, Rodrigo Dunshee, vice-presidente geral e Luiz Eduardo Baptista, o BAP em final da Champions League. - Reprodução Internet
Landim acompanhado de Gustavo Oliveira, vice-presidente de comunicação, Rodrigo Dunshee, vice-presidente geral e Luiz Eduardo Baptista, o BAP em final da Champions League.Reprodução Internet


Em contrapartida, a oposição do clube, liderada pelos conselheiros Walter Monteiro, Carlos de Oliveira Ferrão e Gilberto de Oliveira Barros, prepararam uma carta-resposta à ideia de Landim em vender ações do Flamengo.

Vejam abaixo em primeira mão a íntegra da carta-resposta da oposição do Flamengo:


O FLAMENGO NÃO TEM DONO E NUNCA TERÁ! AO INVÉS DE SAF, MAIS
ASSOCIADOS.
De tempos em tempos a Nação Rubro-Negra é ameaçada por insinuações de que seu atual
presidente deseja transferir o futebol do Flamengo para uma Sociedade Anônima do Futebol.
Valendo-se de um argumento falacioso – qual seja, que nessa futura SAF o Clube de Regatas
do Flamengo seria o seu acionista controlador e com isso “nada mudaria” – e ao mesmo
tempo acenando com supostas vantagens ligadas à construção de um estádio próprio,
Landim retoma o assunto, na esperança de derrubar quem ainda se opõe à transferência dos
seus sonhos.
Com todos os seus percalços e óbvias necessidades de melhoria, especialmente no que diz
respeito à superação do amadorismo, há quase 130 anos o Clube de Regatas do Flamengo
tem o seu destino nas mãos de quem a ele se associa. Há mais de 40 anos seus dirigentes são
escolhidos por votação direta a cada 3 anos e qualquer sócio proprietário pode integrar seu
Conselho Deliberativo, órgão a quem o estatuto delega várias decisões cruciais.
Já em uma SAF as decisões passariam para a esfera de um Conselho formado por poucas
pessoas (em geral 5 ou 7 membros). O poder político dos associados do Flamengo se limitaria
a escolher esses apaniguados, que constituiriam uma governança totalmente apartada do
clube.
O Flamengo é poderoso e invejado porque é plural, democrático, acolhedor. Quem deseja
uma SAF sonha com um Flamengo monolítico, concentrador, elitizado, aberto apenas a
quem só sabe dizer amém ao patriarca.
Todos sonhamos com um estádio próprio e para isso podemos – ou melhor, devemos –
buscar parceiros, investidores, acionistas de uma sociedade com esse objeto específico, mas
de modo algum iremos renunciar à soberania de construir nosso futuro coletivamente, que é
a razão do sucesso de nossa vitoriosa jornada desde 1895.
Em 2024 os associados do Flamengo estarão diante da escolha mais importante de sua
centenária história: de um lado, há os que sorrateiramente agem para tomar o Flamengo para
si e passar a decidir o nosso destino a portas fechadas; do outro, há os que resistem ao
sequestro da nossa alma e que sugerem o caminho inverso: quanto mais associados, melhor.
O Flamengo não é do Leblon, o Flamengo é do Brasil. O Flamengo não é de poucos, o
Flamengo é de milhões.
Conselheiros

Walter de Oliveira Monteiro Carlos de Oliveira Ferrão Gilberto de Oliveira Barros