Por Flavio Almeida

Rio - O grená, verde e branco pareciam conspirar pelo destino tricolor de Waldo. Do pequeno Fluminense Atlético Clube de Niterói, ele atravessou a Baía da Guanabara para entrar para a história do Fluminense Football Club. Aos 19 anos, mal sabia ele que se tornaria o maior artilheiro da história do clube, com a incrível marca de 314 gols em 403 jogos. Mas hoje a torcida está em silêncio. Aos 84 anos, morando em uma clínica para idosos em Valência (Espanha), Waldo Machado da Silva morreu na noite desta segunda-feira após passar os últimos anos de sua vida lutando contra o Mal de Alzheimer.

Waldo chegou às Laranjeiras em 1954 como opção para o técnico Zezé Moreira, que não sentia tanta firmeza no titular Marinho. A imprensa, à época, fazia piada com a contratação, afirmando ser um bom negócio para os tricolores, que teriam gasto menos do que o valor de uma passagem na barca Rio-Niterói.

Em sua estreia, em um amistoso contra o Villa Nova-MG, no Maracanã, jogou poucos minutos e passou em branco na vitória por 4 a 2. No jogo seguinte, em um amistoso com o Inter, ele deu seu cartão de visitas: fez o gol da vitória por 2 a 1. E não teve mais como tirá-lo do time após a contusão de Marinho. De 1954 a 1961, ele foi o artilheiro do time em todas as temporadas, alcançando a incrível marca de 60 gols marcados por dois anos seguidos: 1959 e 1960. Sem falar nos títulos do Carioca (1959) e Rio-São Paulo (1957 e 1960).

Os números de Waldo com a camisa 9 do Fluminense são de espantar. Sua média de gols é de 0,77 por jogo. Entre todos os maiores artilheiros dos clubes do Brasil, ele só perde neste quesito para Pelé, do Santos (1,11 gol por jogo) e Carlitos, do Inter (0,84).

Em um tempo onde as notícias demoravam a correr, a fama de Waldo chegou à Europa durante uma excursão do Fluminense no Velho Continente que durou um mês. Em sete jogos, o time venceu cinco e empatou dois. No último deles, uma exibição de gala diante do Valencia, diante de mais de 30 mil torcedores. Fez dois gols na vitória por 3 a 2 e levantou a curiosidade de Julio de Miguel, presidente do clube espanhol. No voo de volta ao Brasil, o Fluminense veio acompanhado de Vicente Peris, gerente de futebol valenciano. Quando pisou no Rio, Waldo já era do Valencia. Quis o destino que o último gol do artilheiro fosse longe dos olhos da torcida que o idolatra até hoje.

De 1961 a 1969 defendeu o Valencia e marcou 182 gols em 296 partidas. Ainda vestiu a camisa do modesto Hércules, da cidade de Alicante. Pendurou as chuteiras em 1971 e nunca mais voltou a morar no Brasil. 

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