Matheus Ferraz foi uma liderança do elenco do Fluminense ao longo de 2019, principalmente pela postura profissional: além de trabalhos complementares na academia, costumava ser um dos últimos a sair do campo. Era um dos destaques do time até romper o ligamento do joelho direito contra o Athletico-PR, na Arena da Baixada, em junho. O zagueiro de 34 anos ficou fora do restante do ano, mas não abandonou os companheiros e mostrou outra faceta de liderança com um discurso emocionante no vestiário antes da importante vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo, em pleno Morumbi. O vídeo viralizou e mostrou a importância de Matheus Ferraz, que, recuperado da lesão, está garantido em 2020 e confiante em grande temporada pessoal e do Fluminense.
O DIA: Você chegou sob desconfiança e era um dos destaques até se machucar. A que deve esse bom desempenho? Foi um dos melhores anos da carreira?
MATHEUS FERRAZ: Quando cheguei ao Fluminense, tinha certeza de que ia conseguir desempenhar um bom papel, pois vinha me preparando para isso. Sabia que estava pronto para a maior oportunidade da minha carreira. Vim confiante e pronto para desenvolver um ótimo trabalho. Apesar da lesão ter atrapalhado, vinha sendo um grande ano, sem dúvida.
Como foi o início de trabalho com a necessidade de sair jogando na defesa? Foi um desafio?
No começo a gente estranha um pouco, pois não estávamos acostumados a jogar assim, correndo alguns riscos na saída de bola. Mas o Fernando Diniz foi muito importante para todos nós. Ensinou muitas coisas e sempre nos incentivava a dar o nosso melhor dentro de campo. É um grande treinador e torço para que ele tenha sucesso no futebol. Foi um desafio para todos e acredito que a gente tenha conseguido assimilar bem a ideia de jogo dele.
Você começou no Santos, mas a chance num dos chamados grandes só reapareceu com o Fluminense, aos 34 anos. Acha que demorou? Por quê?
Na verdade, eu quase vim para o Fluminense em 2015. Na época, o clube me procurou, mas eu já tinha dado a minha palavra ao Sport que iria permanecer e o negócio não se concretizou. Não fico pensando muito se demorou ou não. O importante é que aconteceu e estou muito feliz no Fluminense hoje.
Como recebeu a notícia de que não poderia jogar mais na temporada? Estará 100% no início de 2020?
Com muita tristeza. Vivia um ótimo momento e estávamos prestes a disputar os jogos importantes da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana. Mas confiei em Deus e fiz uma ótima recuperação, até mesmo menor do que o prazo estabelecido na época da lesão. Estarei 100% na pré-temporada e estou com muita expectativa para fazer um grande ano em 2020.
Surpreendeu a repercussão do vídeo dos bastidores com seu discurso aos companheiros? Por que optou naquele momento por falar?
Depois que parei para ver o vídeo, surpreendeu um pouco. Nem eu imaginava que iam sair palavras com aquela facilidade. Busco sempre apoiar meus companheiros, principalmente nas horas difíceis. O Paulo Angioni (diretor de futebol) me convidou para integrar a delegação e passar um incentivo. Aceitei prontamente. O time precisava de todos unidos naquele momento.
Ao longo do ano você fazia trabalho complementar na academia e era um dos últimos a sair do campo. Por quê?
Sempre fui um jogador de trabalhar muito em todos os aspectos. Então sempre procuro fazer muitos exercícios complementares, desde a parte muscular até um trabalho de força, alongamento e imersão no gelo para ajudar na recuperação. Sempre tive esse pensamento de trabalhar um pouco a mais, porém, sem passar do limite. Por isso acredito que ajude no meu desempenho em campo.
Você é considerado uma liderança no grupo, principalmente pela postura e exemplo. Concorda? E como vê seu papel dentro do elenco para 2020?
O grupo tem vários jogadores experientes e que também exercem uma liderança. A gente procura sempre ajudar, principalmente os mais jovens e que ainda estão começando no futebol. Temos alguma rodagem e é importante essa união. Tento cumprir o meu papel em busca sempre do melhor para o clube.
Que balanço faz do Fluminense em 2019? E como projeta 2020?
Acho que poderíamos ter tido melhor sorte em alguns momentos. Perdemos jogos em que fomos melhores que o adversário, mas a vitória escapou no fim. Foi um ano com mudanças de treinadores e diretoria, e acredito que em 2020 tenhamos uma estabilidade maior para fazer grande temporada.