Igor Julião - LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.
Igor JuliãoLUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.
Por O Dia
Rio - Vivendo boa fase no Campeonato Brasileiro, o Fluminense tem repercutido entre torcedores e imprensa. O lateral Igor Julião deu entrevista coletiva nesta sexta-feira, através de vídeo conferência, e quando perguntado sobre quem era o favorito para a partida de domingo, contra o Grêmio, respondeu que quem define isso são os jornalistas e que prefere que o Tricolor continue sendo visto como um "patinho feio" no campeonato.
"Quem diz quem é favorito ou não são vocês da imprensa. Por mim, gostaria de continuar sendo considerado o clube “patinho feio”. Ninguém dava nada pela gente. Nos comentários, nunca éramos os favoritos nos jogos... Prefiro que continue assim. Deixar o favoritismo para Flamengo, Atlético-MG e Internacional, clubes que tem investimento financeiro muito maior que o nosso, e deixar o Fluminense... Não falaram tanto da gente, fizemos uma boa campanha. Mantivemos nossos pés no chão, de pouquinho em pouquinho", comentou Julião.
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Sabendo que falta muito para acabar o campeonato, Julião prefere manter as expectativas controladas. O lateral foi questionado sobre um comentário feito pelo apresentador do SporTV, André Rizek, que colocou o time como "intruso na festa" entre os primeiros colocados do Brasileirão. Segundo ele, os jogadores das laranjeiras não se abalam com comentários externos e os jornalistas têm o direito de emitir opiniões.
"Respeito muito o Rizek. É um excelente profissional. Mas isso não nos abala. Assim como comentários da torcida também não. Somos profissionais. No futebol hoje em dia, recebemos pelo quanto de pressão aguentamos. Então a cobrança de torcida, o externo, isso não pode nos abalar, porque senão, acabou. Agimos com naturalidade. Vemos que os torcedores ficam irritados com algumas declarações de jornalistas, recebemos algumas marcações em redes sociais. Mas isso não pode nos influenciar. O Rizek está lá fazendo o trabalho dele. Aquilo é o que ele acha. Esperamos estar no fim do campeonato curtindo a festa. Não dá para curtir agora. Mas respeito o Rizek, respeito todos os jornalistas. Eles têm o direito de dar opinião. Mas somos muito blindados aqui. Eu mesmo vejo pouco programa esportivo e isso não nos abala. Tanto crítica, quanto elogio. O Odair fala para botarmos o pézinho no chão e vamos ver se no fim do campeonato conseguimos curtir essa festa", respondeu o lateral.
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A blindagem entre os jogadores não fica restrita apenas a comentários negativos, mas também, segundo ele, se estende a euforia vinda da torcida.
"Nós criamos um ambiente aqui em que nos blindamos das coisas do lado externo, tanto de imprensa, tanto de torcida. Acompanhamos pouco. Sabíamos que no início havia uma irritação da torcida. E agora há uma certa empolgação. Posso falar pelo que estamos desempenhando. Estamos melhorando a cada jogo. Estamos taticamente bem sólidos, está cada vez mais difícil fazer gol na gente. E cada jogador está entendendo o que Odair está pedindo, entra um e sai outro e o time mantém o jeito de jogar. Espero que a torcida, sim, esteja se identificando com nosso jeito. Acho que estamos fazendo jus ao “Time de Guerreiros”. O que corremos dentro de campo... Estamos dando a vida. Sabemos das nossas limitações técnicas, que tem times mais técnicos que o nosso, mas ganhamos jogos na vontade. E por uma união. Um corre pelo outro. Quando um não consegue voltar, outro corre para a marcação. Espero que estejamos apresentando um futebol que esteja deixando a torcida feliz. Vamos fazer o nosso a cada dia, para que no fim do campeonato, possamos colocar o Fluminense no lugar que ele merece estar há muito tempo", salientou o jogador.
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Igor Julião também é muito conhecido fora dos gramados por ser bastante ativo politicamente e estar sempre presente nas redes sociais. Para ele, suas opiniões políticas não interferem no seu futebol e não se preocupa com os julgamentos vindos da torcida sobre esse assunto.
"Sobre questões política, sobre o que acredito, tenho uma voz ativa e nunca vou me calar. Pode sim haver uma polarização por esse motivo. Mas o torcedor é paixão. Tem o direito de criticar e elogiar. Já fui torcedor de arquibancada e sei que torcedor é pura paixão. E nós, jogadores profissionais, não podemos nos deixar influenciar por essa paixão, nem como elogio, nem como crítica. Hoje sou comandado pelo Odair e somente a crítica dele me importa. No pós-jogo, quando eu vou mal ou bem, eu me preocupo com a opinião do Odair", comentou.
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O lateral aproveitou o espaço e falou sobre a crescente de jogadores se posicionando sócio politicamente:
"Esse movimento dos jogadores falarem cada vez mais é importante. Falaram do caso da Mari Ferrer, o Yuri (Atlético-GO) fez o protesto dele dentro de campo... Já vemos bastante isso nos EUA, os jogadores de basquete, o movimento Black Lives Matters, também na eleição de agora. É importante seguirmos esses bons exemplos de atletas. Temos uma voz e precisamos usá-la. E o espaço é plural, para todos. Eu me posiciono do modo como vejo a política, o social. Tem outros jogadores que se posicionam de modo completamente diferente de mim, mas a democracia é isso. O espaço está aberto para todos e temos que usar nossa voz para cada vez mais se posicionar."