Mário BittencourtCléber Mendes

Por O Dia
Rio - O Fluminense vive um bom momento dentro das quatro linhas, e fora delas, também tem conseguido repetir o quadro. Desde que se tornou presidente do Tricolor, em 2019, Mário Bittencourt tem trabalhado forte para diminuir as dívidas do clube, mesmo que uma vez ou outra, elas vem ocasionando penhoras.
O mandatário chegou a dois anos à frente do clube e revelou que em nove anos o Fluminense estará com a situação administrável. 
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"Acho que nosso principal norte foi conseguir ter austeridade financeira e resultado de futebol mesmo com os cintos apertados. Não só em razão do que a gente se propôs quando entrou em 2019, de fazer uma reconstrução do clube na parte financeira, mas também com os impactos da pandemia. Ter conseguido sobreviver com os cintos apertados e mesmo assim trazer resultado esportivo, como a gente vem trazendo, é a grande química da gestão. Em termos gerais, a gestão é reconquista da credibilidade por pagamento das dívidas e estabilidade interna", iniciou, prosseguindo:

"Diferentemente de uma empresa como outra qualquer, um clube de futebol precisa de resultado para ter receita. Essa é a grande dificuldade de um presidente, conseguir ser austero e ao mesmo tempo ter um grande resultado esportivo. Se a gente caísse para a Série B em 2019, nós chegamos aqui com o time em 18º, nossa receita de TV caia de R$ 88 milhões para R$ 7 milhões. Aí o clube entra em colapso. Isso é até uma coisa que a gente tenta explicar para os juízes quando nos penhoram. Eles falam: “Ah, mas vocês contrataram jogador tal”. E a gente tem que explicar que não adianta abaixar o nível do time porque aí não tem receita e não vou conseguir pagar as dívidas nem as contas do dia a dia."
Ainda de acordo com o presidente, com o trabalho sendo desenvolvido, ele confia que pode ter um clube financeiramente administrável dentro de nove anos. No entanto, ele não fala em extinção das dívidas, mas sim o controle delas.
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"Eu conhecia muito as dívidas pelo tempo que trabalhei aqui, mas perdi a eleição em 2016, fiquei 2017, 2018 e metade de 2019 fora, sem acompanhar internamente. E a gente encontrou muita coisa que tinha não ajuizado. São 150 milhões de passivo que a gente já pagou em dois anos. Aí vão falar: “Poxa, mas eu vi que a dívida do Fluminense continua em R$ 700 milhões”. Era para estar em R$ 850 milhões. Ela continua em R$ 700 milhões por causa dos juros. “Ah, então o Fluminense está enxugando gelo? Não tem solução?” Tem. Com a credibilidade que estamos chegando agora, estamos começando a conseguir fazer acordos com deságio, tirar 20%, 30% da dívida… Se a gente conseguir fazer essa gestão até o fim de 2022, e depois se nós seguirmos ou se vier alguém que consiga manter isso aqui, o futebol equilibrado e os custos, na nossa cabeça o clube se resolve financeiramente em nove anos. Não é com a dívida 100% quitada, mas administrada", projetou, explicando:

"O clube todo custa mais ou menos por mês R$ 15 milhões: futebol Xerém, sede, impostos, incluindo R$ 4 milhões de pagamentos de Ato Trabalhista, Profut, acordos e penhoras. Se fatura R$ 220 milhões mais ou menos, R$ 15 milhões vezes 12 vai dar R$ 180 milhões. Em tese, sobrariam R$ 40 milhões. Se o clube consegue não ter mais essas penhoras no futuro, e lá na frente tiver que pagar R$ 5 milhões por mês de dívida fixa, terá mais R$ 10 milhões para gastar, o clube vai estar saneado."