Fernando Diniz, do Fluminense, e Pep Guardiola, do Manchester City, são próximos em algumas ideias e distantes na execuçãoFotos de Lucas Merçon/Fluminense e Giuseppe Cacace/AFP

O aguardado dia chegou e o Fluminense de Fernando Diniz encara o Manchester City de Pep Guardiola pelo título do Mundial de Clubes. Dois times com a cara de seus treinadores, que prezam pela bola e o bom futebol, e que são motivo de esperança de um grande jogo nesta sexta-feira (22), às 15h, na Arábia Saudita.
Por mais que tenham semelhanças na forma de pensar sobre o jogo - futebol bem jogado e ofensivo, domínio pela posse de bola e sair jogando com passes da defesa para o ataque -, a execução os torna antítese um do outro. Como o próprio Diniz faz questão de lembrar, ao não aceitar o apelido de 'Guardiola Brasileiro'.
"A maneira dele ter a bola é quase o oposto da minha. (Guardiola) é um jogo mais posicional, a bola vai no espaço. O jeito que eu vejo futebol nesse momento é quase que 'aposicional'", explicou Diniz em 2022, no programa 'Bem, amigos'.

A diferença entre Diniz e Guardiola

Referência de muitos treinadores, com prestígio mundial e exaltado por muitos como o melhor de todos os tempos, Guardiola tem uma forma de atacar que define o posicionamento de seus jogadores em campo. E faz com que eles fiquem nesse setor até a bola chegar, numa forte organização por zonas. 
"A grande diferença, que é muito importante, é como tentam fazer com que a bola chegue ao gol adversário. Com Guardiola, a distribuição dos jogadores se dá a partir de espaços que ele quer que eles ocupem, e tenta criar vantagens a partir disso. Por exemplo, se tem um ponta bom driblador, vai tentar fazer com que a bola chegue a ele de maneira que esteja isolado, com um marcador e espaço ao redor, para ter vantagem", explica o comentarista do SporTV Carlos Eduardo Mansur.
Diniz é adepto de um estilo próprio, no qual os jogadores não ficam fixos nas posições e vão para onde a bola está, no que ele gosta de chamar de caos ordenado. Como Marcelo saindo da lateral para jogar na direita. No final, o objetivo é o mesmo.
"O jeito de achar espaço é diferente. A referência é onde a bola está. Vai concentrar sete, oito caras perto dela. Dispensa as simetrias e não se incomoda em congestionar a zona onde a bola está. São dois entendimentos e, no fundo, o objetivo é o mesmo", completa Mansur.
Em 2018, Fernando Diniz visitou o Manchester City de Pep Guardiola - Reprodução de Instagram
Em 2018, Fernando Diniz visitou o Manchester City de Pep GuardiolaReprodução de Instagram
Com formas de pensar únicas e que geram um debate no futebol a partir de suas crenças, tanto Guardiola quanto Diniz acabam virando referência nas discussões, em especial sobre os riscos e benefícios de suas opções. Inclusive, estão constantemente em busca  de alternativas para aprimorar o jogo, algumas surpreendentes, como improvisar volantes como zagueiros por melhor qualidade na saída de bola.
E essas características são o que torna a final do Mundial de Clubes entre Fluminense e Manchester City tão esperada entre analistas e fãs do bom futebol. Afinal, o Tricolor vai conseguir impor seu estilo diante de um gigante do futebol atual, para acabar com os 10 anos de domínio europeu?

Diniz quer manter característica do Fluminense

Na véspera do confronto, Diniz avisou que o Tricolor não mudará sua essência: "O Fluminense vai jogar como um time que acredita nos seus valores e acredita que as coisas são possíveis. Vamos fazer o que temos de melhor. Não vamos fugir das nossas características".
E isso pode ser um trunfo nesse confronto de ideias de seus treinadores. Afinal, um dos pontos fortes dos times de Guardiola, como o City, é justamente pressionar seu adversário na saída de bola, o que pode tornar a troca de passes na defesa tricolor um ponto chave na final.
"Muita gente fala do jeito de atacar, mas Guardiola é um dos melhores defensores do mundo. Faz uma das melhores pressões ofensivas, é o mais preparado possível para retomar a bola rapidamente. É importante o Fluminense tentar evitar que fique contra as cordas. Para isso, conseguir sair com passes curtos vai ser fundamental para ter a chance de respirar com a bola e conseguir estabelecer seu jogo", completa Mansur.