Drones fly to form an image of the Earth in the sky over the Olympic Stadium during the opening ceremony of the Tokyo 2020 Olympic Games, in Tokyo, on July 23, 2021. (Photo by Franck FIFE / AFP)AFP

Tóquio - A cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio-2020, nesta sexta-feira, uniu a milenar tradição japonesa com a tecnologia para homenagear as vítimas da covid-19 em todo o mundo. A luta contra a pandemia que manteve o planeta recluso inspirou a concepção do evento, valorizando o esforço e a persistência individual.
Com o estádio Olímpico praticamente vazio (apenas mil convidados estavam presentes), a cerimônia foi pensada essencialmente para privilegiar a transmissão pela TV. Isso se tornou visível com uma das primeiras ações, em que uma moça agachada esticou o corpo acompanhada de uma sombra que não era a dela, mas de uma planta germinando. Mesmo assim, o desafio foi equilibrar as infinitas possibilidades do uso da tecnologia com a valorização do homem e sua limitação. O plano era mostrar como o ser humano, apesar da fragilidade diante de um vírus, resiste.
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Assim, a referência à obra da artista plástica japonesa Yayoi Kusama logo no início da cerimônia, quando faixas de luz vermelha criaram desenhos segundo seu traço, foi significativo - em sua obra, Kusama explora os limites físicos e psicológicos da pintura, o que provocou uma feliz conexão com o esforço dos atletas que, durante o ano de 2020, foram obrigados a improvisar treinamentos em casa. Os Jogos foram adiados de 2020 para 2021.
Foi significativa, portanto, a aparição de atletas, no centro do estádio, se exercitando solitários em esteiras e bicicletas ergométricas, lembrando o que aconteceu no mundo esportivo no ano passado. Ou mesmo com cada um de nós. E também a escalação de competidores e profissionais da saúde para carregar a bandeira japonesa.
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Apesar de celebrar a vida, a cerimônia também prestou homenagem aos mortos, especialmente as vítimas pela covid-19. Foi o que mostrou a performance do ator e dançarino japonês Mirai Moriyama, cuja apresentação de dança-arte, marcada pelos gestos silenciosos, teve como tema a morte, o renascimento e a simbiose.
O tom de homenagem prosseguiu quando um grupo de bailarinos e sapateadores lembrou uma classe muito respeitada no Japão, os bombeiros, especialmente os que foram vitimados pela covid-19 e também pelo terremoto de 2011. A cena lembrou o trabalho de marceneiros que resultou na confecção em madeira dos arcos olímpicos.
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A tecnologia voltou a imperar com a exibição de um belo clipe cuja edição alternou cenas de atletas em competição com músicos tocando seus instrumentos clássicos: a sincronia corporal revelou o mesmo objetivo: a busca pela perfeição.
A entrada das delegações seguiu a ordem do idioma japonês, o que deixou o Brasil atrás de países como Uruguai e Zâmbia. E, apesar de ocupar boa parte da cerimônia, foi reduzida pelo número menor de atletas participantes.
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Despertou atenção a entrada da delegação da Arábia Saudita, com uma mulher ajudando a carregar a bandeira. E também a dupla brasileira (Ketlyn Quadros, do judô, e Bruninho, do vôlei), aplaudida ao ensaiar passos de samba.