Rio - Depois de um bom começo de ano, o Vasco enfrenta um período turbulento no Brasileirão, dentro e fora dos gramados. Depois de perder São Januário e mandos de campo por brigas no jogo contra o Flamengo, agora o clube não tem mais seu vice-presidente geral, que deixou o cargo para se candidatar à presidência.
Fernando Horta, que ocupava a posição na diretoria, afirmou que não tinha espaço nenhum na tomada de decisões do Cruzmaltino e pretende concorrer como candidato de oposição à gestão de Eurico Miranda.
O dirigente afirmou, em sua carta de renúncia, que o Vasco "precisa acabar com a 'era do Eu' para começar uma 'era do Nós'", indicando também que Eurico centraliza demais os rumos do Vasco em suas mãos.
Confira a nota na íntegra:
"Ao Clube de Regatas Vasco da Gama
Aos cuidados do presidente Eurico Miranda
Carta de licenciamento
O Vasco precisa acabar com a "Era do Eu". E iniciar a "Era do Nós"
Esta carta está na minha cabeça há anos. Eu já a escrevi em meus pensamentos muitas vezes. E ela nunca foi publicada para não criar uma crise institucional para o Vasco ainda maior do que o clube vive agora.
Permaneci em São Januário, a contragosto, como mero observador de tudo o que acontecia no nosso clube, incomodado, chateado. Mas essa experiência amarga decerto será de enorme valia para o futuro que nos aguarda.
É oficial: estou no dia de hoje, 18 de agosto de 2017, pedindo licença do cargo de primeiro vice-presidente geral do Vasco até dia 20 de novembro de 2017, para cumprir uma missão que é a nossa missão primordial: recolocar o clube na posição de gigante que sempre foi.
Minha ruptura com o presidente Eurico Miranda teve início logo na primeira semana de sua administração, após apoiá-lo nas eleições de 2014, convencido que fui por grupos, personagens importantes da história do Vasco e pelo próprio Eurico, que me asseguraram que ele se mostrava diferente, mais aberto, após tanto tempo afastado do nosso clube.
Mas isso, infelizmente, não se confirmou.
Nunca fui consultado pelo presidente para absolutamente nada, em nenhum momento, nem quando o Vasco estava próximo da queda para a segunda divisão.
Nunca tive acesso ao futebol, por exemplo. Eu tinha minhas opiniões, evidentemente, mas em todos esses anos sempre fui alijado das grandes decisões, certas ou erradas, do presidente.
Eurico se fechou. Ele se fechou para o Vasco, para mim e eu me fechei para ele.
O Vasco que eu desejo em meu coração e na minha mente é um Vasco em que os vascaínos possam participar efetivamente das decisões, com um conselho diretor ativo, no qual o futuro do clube seja decidido pelos vascaínos.
O Vasco precisa acabar com a "Era do Eu". E iniciar a "Era do Nós".
Convido os vascaínos de todo o Brasil, sócios ou não, a partilhar de nossos ideais.
Ideais que são coletivos: amor pelo Vasco, responsabilidade com as finanças do clube, modernidade, transparência e, principalmente, cuidado com as nossas origens.
Fernando Horta – vice-presidente geral do Vasco
Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2017"