Danilo e Rejane Pai e Avó do menino morto em incendio no morro do Chapadão, foto no IML do centro Marcos Porto/Agencia O Dia

Rio - Familiares do pequeno Kaynnan Miguel Paiva, de 3 anos, apontam um vizinho como responsável pela morte da criança em um incêndio em uma casa na comunidade Final Feliz, no Complexo do Chapadão, em Anchieta, Zona Norte do Rio, na noite desta segunda-feira (8). Moradores do local chegaram a contar aos policiais que a mãe havia deixado a vítima sozinha para ir à igreja. Entretanto, o pai do menino, Danilo de Jesus Alves de Oliveira, e a avó paterna, Rejane de Jesus Alves de Oliveira, afirmam que ele estava sob os cuidados de um vizinho, que não teria socorrido a criança quando as chamas começaram. 
De acordo com Rejane, ao chegar ao local do incêndio, ela questionou quem estaria cuidando de Kaynnan, e depois de um tempo, uma mulher apontou o vizinho, que teria se defendido afirmando que tentou salvar o menino. Mas a avó relata que o homem não teria prestado socorro, já que não apresentava ferimentos, diferente de um vendedor de salgados que passava pelo local e ficou ferido após tentar ajudar a vítima. 
Rejane disse ainda que o vizinho apresentou duas versões para o início do incêndio. Segundo ela, primeiro ele disse ter ocorrido um curto no imóvel e depois relatou que Kaynnan acendeu um palito de fósforo e ateou fogo em um pano que estava em cima de um armário. O pai do menino afirmou ainda que ele esteve na igreja para comunicar a mãe sobre a morte de seu filho que, segundo testemunhas, encontrou a criança sem vida atrás de um colchão queimado. 
"Eu cheguei lá perguntando: "quem é a pessoa que estava responsável pelo meu neto?", ninguém abriu a boca, ninguém falou nada. Depois, uma moça falou: "é ele" (o vizinho). E ele falou "não, tia, eu tentei socorrer o seu neto, até queimei meu cabelo". Eu falei: "você tentou salvar meu neto e você está inteiro e o 'cara' que vende salgado está queimado?". Não tem lógica. Para mim, ele matou meu neto", declarou a avó materna da vítima. 
O pai do menino contou que, até o início da tarde desta terça-feira (9), o vizinho ainda não havia sido chamado para prestar depoimento e estaria em casa. Danilo relata que a ex-companheira está bastante abalada com a perda do filho e com as acusações dos moradores da comunidade de que ele é responsável pela morte de Kaynnan. Agora, a família pede justiça para que o caso seja esclarecido. 
"Ela está muito abalada. Mas eu falei para ela que a justiça de Deus não falha. A gente só quer justiça. (...) Eu estou sentindo a dor, ela está sentindo a dor. Eu acho errado que estão falando lá no Chapadão que ela está errada, mas não é. Se for para botar a perícia lá no morro, vai ver que meu filho foi assassinado na mão desse cara. (...) Só o que eu quero é justiça. Estão jogando a culpa para cima da mãe do meu filho, então, eu só quero que esclareça tudo certinho", desabafou Danilo. 
O caso é investigado pela 31ª DP (Ricardo de Albuquerque). De acordo com a Polícia Civil, segundo informações preliminares, a mãe deixou a criança com um vizinho que mora embaixo de sua casa e saiu. Em determinado momento, o menino subiu para sua residência, quando o incêndio aconteceu. "A investigação está em andamento para esclarecer a causa do incêndio e todos os fatos", informou a Polícia Civil em nota. 
O pai e a avó paterna da vítima estiveram na manhã desta terça-feira no Instituto Médico Legal (IML) para tentar a liberação do corpo de Kaylan. Até a publicação desta matéria, não havia informações sobre o velório ou sepultamento da criança.