A direção do Hospital Ronaldo Gazolla abriu sindicância para apurarReprodução / Facebook
Idosa que teve o corpo cremado por engano é identificada. Vítima queria enterro 'normal'
Família que cremou diz que protocolo para evitar transmissão da doença dificultou o reconhecimento
Rio - O corpo da dona de casa Josefa Figueira da Silva, de 69 anos, foi cremado por engano, depois que ela foi confundida com outra mulher. A idosa era paciente do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio, e morreu no último sábado (25) após uma evolução do quadro de covid-19. A família foi informada do óbito pela unidade, mas não pode reconhecer o corpo de Josefa durante o fim de semana, porque o cartório estaria fechado. As informações foram divulgadas pelo G1 nesta quarta-feira (29).
A cremação do corpo da dona de casa foi realizada pela família da idosa Gecélia Barbosa, 89, que também morreu na unidade, vítima de covid-19. A filha da vítima, Jorgina Barbosa, disse ao G1 que ela contraiu a doença no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte, onde aguardava há cerca de 20 dias por uma cirurgia, após cair e fraturar o fêmur.
Segundo Josefa, o reconhecimento do corpo na unidade onde ela morreu foi prejudicado por conta dos protocolos de proteção. Um funcionário da funerária teria mostrado o corpo somente até o pescoço, para evitar a transmissão da covid-19, e a idosa era muito parecida com Gecélia, fazendo com que ela reconhecesse a mulher como sua mãe. Ao constatar a troca de corpos, o hospital tentou contato com a família da idosa, mas o corpo de Josefa já havia sido cremado.
A direção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla abriu sindicância para apurar o caso. Na segunda-feira (27), parentes de Josefa estiveram no hospital para reconhecer seu corpo, mas não encontraram. Depois de aguardar por horas, eles foram levados até o corpo, mas notaram que a mulher era muito diferente da dona de casa e que em sua pulseira havia o nome de Gecélia.
Josefa tinha pavor de fogo e passou a vida dizendo que gostaria de ter um enterro "normal", de acordo com o relato de sua filha, Ana Paula Figueira. "Minha mãe tinha pavor a fogo. Ela dizia que nem depois de morta queria ser cremada. Ela falava que uma queimadura pequena já doía muito, imagina pegar fogo no corpo todo. Apesar de ser da igreja, que falam muito 'do pó eu vim, ao pó eu voltarei', minha mãe sempre falava que não queria virar pó no fogo", afirmou Ana Paula ao G1, que registrou o caso na 39ª DP (Pavuna).
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