Alberto César Romano Júnior, 33 anos, desapareceu após sair do Shopping Barra World na última sexta-feira (24) Reprodução/Redes Sociais

Rio - Um depoimento prestado na última terça-feira, dia 28, na Delegacia de Paradeiros, por um amigo de Alberto Romano, de 33 anos, foi determinante para elucidar o elo entre o empresário e milicianos da Zona Oeste. Romano está desaparecido desde o dia 24 de setembro; a principal suspeita é de que milicianos o tenham executado e ocultado o seu cadáver.
O relato, ao qual O DIA teve acesso, com exclusividade, detalha a rotina de trabalho de Romano para milicianos e o seu temor com Danilo Dias, o Tandera, além do pagamento de propinas a agentes penitenciários.
O amigo conta que passou a trabalhar para Romano na pandemia, como motorista. Em pelo menos nove vezes o conduziu para o Haras Verão Vermelho, em Paciência, para reuniões de 'duas a três horas' com milicianos. Esse Haras já apareceu nas investigações da Polícia Civil sobre o miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em junho. No sítio, era comum Ecko se reunir com familiares. Para os encontros com os milicianos, o amigo deixava Romano no local, "que entrava em outro carro, às vezes dois".
Uma foto em poder da Polícia Civil mostra Romano neste Haras, na região, cercado por cavalos.
De acordo com o amigo, Romano era responsável por realizar terraplanagem e legalização de terrenos. A Polícia Civil acredita que a motivação da sua morte esteja ligada justamente a transações imobiliárias com a milícia. Em um trecho do depoimento, o amigo disse que já chegou a trabalhar nesse setor para o empresário.
"Que se reaproximaram no ano de 2018 quando ROMANO pediu ajuda ao declarante nas obras de um terreno localizado no bairro de Paciência, próximo ao cemitério jardim da saudade; Que segundo ROMANO o terreno não seria de sua propriedade, mas ele faria a terraplanagem do local; Que trabalhou para ROMANO nesta obra por cerca de 4 meses e este o pagava com R$250,00 por semana; Que após a conclusão da obra, com a pavimentação do terreno, foram vendidos os lotes, mas ratifica que não sabia se o terreno pertencia a ROMANO", disse.
Após a morte de Ecko, Romano confidenciou a esse amigo que estava com medo de Tandera e que havia, inclusive, comprado um carro blindado. Tandera passou a ser rival de Ecko após uma discordância interna na quadrilha.
Distribuidora de bebidas e propina
Há cerca de um mês, Romano resolveu abrir uma distribuidora de bebidas em Juiz de Fora, Minas Gerais. Inclusive, ele fez um serviço de transporte de cervejas até a cidade. E, afirmou que Romano solicitou a ele que fizesse um levantamento de locais, em Realengo, onde poderia expandir o negócio.
A última imagem de Romano é em um shopping, da Zona Oeste. Nesse local, segundo o amigo, Romano realizaria pagamentos de propina a agentes penitenciários para "acertar a transferência de um preso, miliciano, para uma situação pior". Os pagamentos seriam de R$ 2 mil, semanais.
Apesar de ainda não concluir o inquérito, a DDPA acredita que o irmão de Ecko, Luís Antônio Braga, o Zinho, esteja por trás da morte de Romano.
O GPS do veículo do empresário indicou que, após sair do shopping, ele circulou entre Campo Grande e Santa Cruz, antes de Paciência, quando desapareceu -- justamente, área de atuação de Zinho.