O Centro de Tratamento Intensivo leva através da música conforto e acolhimento para os pacientes em isolamento.Foto: Divulgação

Itaboraí - É comum usarmos a música para aliviar o estresse do dia a dia. Ela ajuda a acalmar os nossos pensamentos e até nos faz lembrar de momentos especiais. Esses benefícios também são possíveis durante o processo de internação. É por isso que no Hospital Municipal São Judas Tadeu, especializado em combate ao novo coronavírus, o projeto "Heróis de Branco" a musicoterapia faz parte do tratamento dos pacientes internados na CTI - Centro de Tratamento Intensivo. E leva através da música conforto e acolhimento para os pacientes em isolamento.
O projeto de musicoterapia no CTI do Hospital Municipal São Judas Tadeu foi iniciado como estratégia terapêutica para aliviar a dor, o estresse, a ansiedade e a distância dos familiares. Segundo o secretário municipal de Saúde, Sandro Ronquetti, o CTI é um ambiente que pode se tornar psicologicamente desconfortável para o paciente, levando-o a um sentimento de isolamento familiar, fragilidade e dependência.
“O objetivo do nosso projeto é explorar os benefícios da musicoterapia para contribuir para o processo de recuperação e cuidado com os pacientes internados na UTI. Portanto, pretendemos proporcionar aos pacientes um tempo diário de relaxamento e tranquilidade para auxiliar no enfrentamento a esse adoecimento”, conta ele.
O projeto de musicoterapia é liderado pela área de Enfermagem. Os profissionais dessas áreas se dividem entre os turnos da manhã, tarde e noite para ambientar o CTI com músicas que carregam memórias. Lá, os sons dos equipamentos dão lugar às canções preferidas dos pacientes. A música toca em uma caixinha de som que fica ao lado da cama do paciente, em um volume respeitoso e dentro das normas de padronização da unidade.
Fazem parte do time de músicos: a profissional administrativa da unidade, Pamela Greice com a coordenadora da enfermagem do Hospital São Judas Tadeu, Silvânia Correa. Ela comenta sobre os efeitos da música no tratamento dos pacientes. Segundo ela, o uso da música como processo terapêutico também é uma maneira de deixá-los em contato com o ambiente externo.
“A maioria deles está sob estresse, em intubação orotraqueal, sedado ou só com analgesia, e a única coisa que eles ouvem são os aparelhos. Manter eles meio conscientes de que existe um mundo diferente para eles, de que existe uma alegria que vão sentir, mesmo que não estejam conscientes, não entendam de onde vem, mas pelo menos vão se sentir acolhidos e essa é uma maneira de tratar os pacientes”, explica.
O projeto ‘Heróis de Branco’ desde que foi criado já acompanhou 208 altas no Hospital Municipal São Judas Tadeu, tendo como espectadores médicos, enfermeiros, funcionários, pacientes e familiares. Um dos primeiros pacientes a receber essa terapia com música foi Carlos Alberto da Silva, auxiliar de serviços gerais, que ficou internado por 40 dias, sendo 23 deles no CTI, por conta do coronavírus. Carlos conta que acredita que a música colaborou para a sua recuperação.
“Dá um alento pra gente, porque você está em uma situação ali sozinho, sem saber de ninguém e a música dá uma acalmada, um conforto. A música me ajudou e eu até lembrei depois, eu estava na fisioterapia na semana passada e uma das meninas colocou música e eu lembrei do hospital na hora.”