Morre Dulce Figueira, personalidade emblemática do Sepe Itaguaí
Professora, militante e líder de 75 anos deixa filhas, netos e muitos admiradores na cidade
Por Jupy Junior
ITAGUAÍ – Uma professora militante aguerrida pela causa da educação em Itaguaí vai deixar muitas saudades em colegas, admiradores e família: Dulce Figueira, uma grande líder sindicalista morreu na segunda-feira (16), aos 75 anos, de causa não revelada. Ela estava internada há cerca de três dias na Rede D’Or. Dulce foi uma das mais engajadas na luta pela melhoria na qualidade da educação pública no Estado do Rio de Janeiro. Ela deixa duas filhas e sete netos, além, é claro de um imenso vazio no Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), principalmente na representação do Sepe Itaguaí, onde foi uma das fundadoras e ocupou diversos cargos, o últimos deles, de agosto de 2015 a julho de 2018, de coordenadora geral. Desde os anos 1980 Dulce militava na causa e dirigia o Sepe: são 40 anos de militância pela educação.
Dulce nasceu no Rio de Janeiro, mas imigrou para Itaguaí ainda menina e estudou na cidade. Era pedagoga e professora do curso Normal no Colégio Clodomiro Vasconcelos. Foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT) em Itaguaí.
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Graças ao seu empenho, o Sepe Itaguaí obteve importantes conquistas: nos anos 1990, Itaguaí passou a ter a primeira rede pública de educação no país com um plano de carreira unificado. Ela também ajudou a unir sob a mesma lei de direitos os servidores do Grupo de Apoio Técnico e pessoal do Magistério.
Dulce foi a primeira mulher candidata a prefeitura em Itaguaí, em 1992 (eleição vencida por Benedito Amorim). Ela também foi diretora da Regional de Educação do Estado do Rio de Janeiro na região de Itaguaí (Bahia da Ilha Grande), abrangendo cidades como Seropédica, Japeri, Paracambi, Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro.
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Sempre de megafone ou microfone em punho durante manifestações do Sepe pela melhoria da educação e das condições de trabalho de professores e profissionais da rede municipal e estadual, Dulce era figura certa em qualquer debate e uma figura emblemática do sindicato.
REPERCUSSÃO O Sepe fez uma homenagem e manifestou intenso pesar pela perda da militante e sindicalista: “Não falece hoje uma pessoa. Falece uma professora. Falece uma amiga. Uma amiga de luta, conselheira, guerreira, conciliadora, mediadora... Falece em vida física, um pedaço de nós. Um pedacinho enormemente importante, que nos deixa um estranho e torturante sentimento de termos ficado órfãos. É que de certa maneira ‘a Dulce era o Sepe e o Sepe também era a Dulce’. Até o vento hoje nos soa mais vazio. O nosso céu ficou mais cinza e o dia parece encoberto por neblina... A nossa luta perdeu um ícone... sua história, porém, suas construções e ensinamentos, - por outro lado e conforme a própria vontade dela, se aqui em vida -, nos dão a oportunidade de enxergarmos um motivo: seu legado. Legado de força, a partir do qual, pretendemos mais que nunca, nos segurar e guiar daqui em diante, para podermos continuar o caminho na luta pela educação. Dulce Figueira, presente!”.
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O vereador Willian Cézar (PL), presidente da Comissão de Educação da Câmara, também professor e engajado nas causas da educação municipal, estava consternado: “É uma perda imensa, era uma grande amiga, companheira, guerreira. Uma perda não só para o município, mas para o estado. Nem consigo expressar direito essa dor”.
A secretária municipal de Educação Nilce Ramos, também abalada, disse: “Dulce é um símbolo da educação, uma referência na minha vida em termos de coerência, bom senso, diálogo e negociação. Estou muito abalada, triste, porque perdemos não apenas uma professora, um referencial, um símbolo, uma amiga. Era uma pessoa que ensinou todos que se aproximaram dela. Era uma professora para a vida. O município de Itaguaí chora e lamenta muito essa perda impossível de mensurar nesse momento, assim como será por muitos anos diante de tudo o que a professora Dulce conseguiu construir nesse município”.