Livro sobre peixe ameaçado de extinção e típico de Magé é lançado no Parque Barão de Mauá.Divulgação/Lucas Santos.

Magé - Ameaçado de extinção, o pouco conhecido peixe das nuvens, uma espécie muito encontrada em Magé, ganhou um livro inteiro para que uma história de milhões de anos fosse contada. Pré-histórico, o rivulídeo, peixe de pequeno porte que vive em ambientes aquáticos muito rasos, tornou-se objeto de interesse dos pesquisadores Cláudio Eger, Dalton Nielsen, Fábio Origueira e Paulo Gusmão. Nesta terça-feira (19/04), eles lançaram o livro “A Expansão Urbana do Rio de Janeiro e o Peixe das Nuvens” no Parque Natural Barão de Mauá, no quinto distrito, participaram de uma roda de conversa e doaram 400 exemplares para as escolas da rede pública da cidade. O lançamento contou com a presença do secretário de Meio Ambiente de Magé, Sílvio Furtado.
Ele comentou que a edição do livro é muito importante para que se possa preservar uma espécie característica do ecossistema de Magé. “Abraçamos essa causa com os autores e estamos fazendo nossa parte para preservar o peixe típico da nossa cidade. A expansão urbana desordenada é uma ameaça difícil de ser cessada, mas estamos trabalhando de forma diferenciada para manter brejos, mangues e charcos onde a espécie se reproduz”, afirmou.
O cientista ambiental da Secretaria, Arthur Nóbrega afirmou que muitos processos com alusão aos peixes das nuvens chegam para análise. “Isso se intensificou com o Plano de Ação Nacional (PAN) Rivulídeos, criado, pelo Governo federal, em 2016. Alguns projetos precisaram ser mudados para não colocar a espécie em perigo”.
O arqueólogo Fábio Origueira, um dos autores da obra, contou que há 324 espécies de peixes das nuvens no Brasil, sendo 23 delas encontradas apenas no Estado do Rio de Janeiro. O nome do animal se deve ao fato de que muitos vivem em pequenos charcos que só enchem de água durante as chuvas. Eles conseguem botar ovos que levam até seis anos para eclodir. “Uma dessas espécies só era vista aqui em Magé, no Campo dos Escoteiros, em Santo Aleixo. Era o peixe das nuvens ‘sanguíneos’, vermelho da cor de sangue, achado, pela última vez, em 1989”, destacou. Origueira também informou que pesquisadores estão estudando o peixe das nuvens, na Alemanha, para descobrir uma maneira de retardar o envelhecimento em seres humanos.