Variante Delta se intensifica, obrigando as autoridades a aumentarem as restrições sanitáriasReprodução

Pequim - A variante Delta se intensifica, obrigando as autoridades a aumentarem as restrições sanitárias, com confinamentos locais na China, soldados nas ruas da Austrália para garantir o cumprimento das medidas e a extensão do estado de emergência no Japão durante os Jogos Olímpicos Tóquio-2020.

Na China, onde surgiu a pandemia, um novo surto ameaça a política de zero covid-19, com casos se espalhando de Nanquim (leste) para cinco províncias e a capital, Pequim, pela primeira vez em seis meses.

Centenas de milhares de pessoas estão mais uma vez confinadas em Nanquim e Pequim.

A eficácia das vacinas chinesas levanta questões, porque a maioria dos novos casos ocorre em pessoas vacinadas.

Na Austrália, a polícia de Sydney contará com a ajuda de 300 soldados para fazer cumprir as restrições na maior cidade do país, de cinco milhões de habitantes. Lá, o número de infecções bateu recorde na quinta-feira, 29.

Em sua quinta semana, o confinamento será mantido até 28 de agosto, mas muitos violam a medida, indo às praias, ou parques.

O governo alertou que não vai suavizar as restrições ou abrir fronteiras até que 80% da população esteja totalmente vacinada.

Uma semana após o início das Olimpíadas, o Japão estendeu o estado de emergência até o final de agosto em Tóquio e em outros quatro departamentos.

"A infecção está se espalhando a uma velocidade nunca vista antes", declarou o governo nesta sexta-feira, com um recorde de mais de 10.000 casos por dia. Os organizadores dos Jogos Olímpicos também detectaram 27 novos casos.

O Japão e o Comitê Olímpico Internacional (COI) "estão fazendo tudo que é possível para minimizar o risco", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Contagioso como a catapora
Em uma nota interna alarmista, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que a variante Delta é tão contagiosa quanto a catapora e causa consequências mais sérias nos pacientes, informam os jornais The Washington Post e The New York Times.

É por isso que os americanos, mesmo vacinados, devem usar a máscara em áreas onde o vírus circula muito. E, para aumentar a vacinação que parece estar estagnada, o presidente Joe Biden pediu às autoridades locais que paguem US$ 100 para aqueles que forem vacinados pela primeira vez.

Os teatros da Broadway, em Nova York, por sua vez, pedirão aos espectadores certificados de vacinação e exigirão o uso de máscaras.

Israel, que acreditava que sua população estivesse imunizada e protegida, restabeleceu o passe de saúde na quinta-feira em locais com mais de 100 pessoas. E lançou uma campanha "complementar" com uma terceira dose para pessoas acima de 60 anos. Nesta sexta-feira, o presidente israelense, Isaac Herzog, recebeu a sua.

Na Europa, onde muitos países estão enfrentando uma quarta onda, também há mudanças. Na Espanha, o toque de recolher foi estendido em Barcelona e em parte da Catalunha.

A partir de domingo, 1º, a Alemanha vai generalizar a obrigação de os turistas não vacinados apresentarem um teste anticovid-19 em seu ingresso no país, "de avião, carro, ou trem".

A França ordenou, por sua vez, o confinamento das ilhas ultramarinas da Reunião e da Martinica.

As pessoas que não foram vacinadas contra a covid-19 representam cerca de 85% dos pacientes hospitalizados na França, inclusive nas unidades de terapia intensiva, e 78% das mortes pelo vírus, de acordo com um estudo.

"Salvar vidas"
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A pressão aumenta para acelerar a vacinação, mas sua aplicação continua muito desigual ao redor do mundo. Os países mais ricos administraram em média 97 doses por cada 100 habitantes, e os mais pobres, apenas 1,6.

O sistema Covax, que supostamente permite o envio gratuito de imunizantes para os países pobres, espera receber 250 milhões de doses nas próximas seis a oito semanas, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Enquanto isso, a situação é "desesperadora" em Mianmar, alertou o Reino Unido, que pediu ao Conselho de Segurança da ONU que garanta que as vacinas possam ser distribuídas para este país, apesar da crise desencadeada desde o golpe de Estado militar de fevereiro passado.

Nas Filipinas, 13 milhões de pessoas serão confinadas novamente na próxima semana, na região de Manila, para "salvar mais vidas".

Na África, o Senegal, relativamente a salvo por muito tempo, vive um surto de infecções, com hospitais sem oxigênio. Este material também é escasso na Tunísia.

A Colômbia alertou que pode restringir o acesso a espaços públicos para pessoas não vacinadas.

A pandemia matou pelo menos 4.202.179 pessoas em todo mundo desde o final de dezembro de 2019, de acordo com balanço atualizado pela AFP nesta sexta-feira, 30, com base em fontes oficiais. A OMS acredita, no entanto, que o número de óbitos possa ser duas, ou três vezes, maior.