Edward Snowden é procurado nos EUA por ter vazado para a imprensa dezenas de milhares de documentosReprodução

Em um decreto publicado nesta segunda-feira, 26, o presidente Vladimir Putin concedeu a nacionalidade russa a Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), refugiado na Rússia desde 2013 após deixar os Estados Unidos.

O nome de Snowden aparece junto com dezenas de outros neste decreto, publicado no site do governo russo. Edward Snowden, de 39 anos, é procurado nos Estados Unidos por ter vazado para a imprensa dezenas de milhares de documentos que comprovam a amplitude da vigilância eletrônica praticada por Washington.

Seus vazamentos provocaram fortes tensões entre Estados Unidos e seus aliados. A decisão das autoridades russas de lhe conceder uma permissão de residência causou grande indignação em Washington.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou à agência RIA Novosti que foi o próprio Snowden quem solicitou a nacionalidade russa em 2020 para facilitar as viagens de retorno de sua esposa, a americana Lindsay Mills.

"Depois de anos de separação dos nossos pais, minha esposa e eu não queremos estar separados dos nossos filhos", tuitou Snowden.

"Depois de dois anos de espera e quase dez anos de exílio, um pouco de estabilidade fará diferença para minha família", acrescentou.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse nesta segunda que Snowden, que ainda é acusado nos Estados Unidos, mantém a cidadania americana. "Não estou a par de nenhuma mudança de nacionalidade", destacou.

"O único que mudou é que como resultado de sua nacionalidade russa, aparentemente agora pode ser chamado a lutar na guerra irresponsável" da Rússia na Ucrânia, acrescentou.

Putin anunciou na semana passada a mobilização de 300 mil reservistas para apoiar o exército russo nas operações no país vizinho.

Mas o advogado russo do ex-consultor de inteligência, Anatoli Kucherena, afirmou que Snowden não será afetado pela ordem de mobilização para a ofensiva na Ucrânia, decretada pelo presidente Vladimir Putin na semana passada para determinadas categorias da população.

"Ele não serviu no exército russo e, portanto, segundo a nossa legislação atual, não entra nessa categoria de cidadãos que estão sendo convocados", declarou à agência RIA Novosti.

Segundo Peskov, a companheira de Snowden, Lindsay Mills, também solicitou nacionalidade russa e sua filha já a possui, porque nasceu na Rússia.

Edward Snowden, privado de seu passaporte americano a pedido das autoridades de Washington, chegou a Moscou em 2013 procedente de Hong Kong, com a ideia de encontrar refúgio na América Latina. No final, acabou bloqueado na Rússia, onde recebeu asilo.

Ele se casou com Mills em 2017 e o casal tem dois filhos. Em 2020, após o nascimento do primeiro filho, Snowden explicou ter pedido a nacionalidade russa para poder reunir com mais facilidade sua família, especialmente devido às restrições pela covid-19 na ocasião.

"Lindsay e eu vamos continuar sendo americanos e vamos criar nosso filho com os valores do (país) que amamos, inclusive a liberdade de dizer o que se pensa. Espero pelo dia em que poderei voltar aos Estados Unidos para que toda a família se reúna", declarou neste momento. O casal teve seu segundo filho este ano.