Byafra conversou por quase uma hora com a jornalista Irma Lasmar na quarta à noite - Reprodução/internet
Byafra conversou por quase uma hora com a jornalista Irma Lasmar na quarta à noiteReprodução/internet
Por Irma Lasmar
Em um bate-papo descontraído e sincero, o cantor, compositor e escritor Byafra fez uma retrospectiva dos 40 anos de carreira em uma entrevista exclusiva por vídeo ao vivo, na última quarta-feira à noite, para o Instagram do jornal O DIA (@odiaonline). Simpático e atencioso, o artista niteroiense de 62 anos adiou as comemorações presenciais devido à quarentena decorrente da epidemia do novo coronavírus – isolamento social, aliás, totalmente apoiado por ele. O vídeo editado já está hospedado no canal youtube.com/odiatv, junto com as demais "lives" que vem sendo produzidas, desde o início deste mês, por nossa equipe de jornalistas.

Nascido Maurício Pinheiro Reis, Byafra contou com bom humor sobre o apelido de infância, adotado como nome artístico, dado pelos colegas de escola que associavam sua magreza aos nativos do país homônimo; a substituição da letra i por y na década de 2000 para não ser confundido nas páginas da internet; o presente do destino que lhe deu seu maior sucesso, “Sonho de Ícaro”, após Ney Matogrosso recusar gravar a música; a gagueira provisória provocada pela tensão dos tempos da ditadura militar, a qual prendeu seu pai por alguns meses em 1964; o retorno às salas de aula para cursar Canto na UFRJ; e, é claro, o evento que lhe trouxe de volta às mídias: o “atropelamento” por um parapente quando, na orla do Museu de Arte Contemporânea, gravava um depoimento para o documentário sobre Chacrinha.

Nos intervalos entre uma pergunta e outra, o artista cantou trechos à capela de suas mais famosas canções, a maioria delas hits que emplacaram telenovelas, como "Helena" em Marrom Glacê, “Vinho Antigo” em Jogo da Vida, "Te Amo" em Salomé e "Seu Nome" em A Gata Comeu, além de “Fantasia Real”, música composta por Dudu Falcão e Danilo Caymmi para a voz de Byafra, que embalou o personagem Tonho da Lua em “Mulheres de Areia”. Ao todo em sua carreira, ele lançou 14 álbuns, que venderam mais de meio milhão de cópias. "Leão Ferido" e "Sonho de Ícaro" renderam-lhe dois Discos de Ouro. Suas composições também foram gravadas por ídolos da música brasileira como Roberto Carlos, Simone, Rosana, Danilo Caymmi, Chitãozinho e Xororó, entre outros.

Casado com Gerusa, pai de Carol e avô de Alana, de 4 anos, o cantor falou também do livro "Voo de Ícaro - o sonho da canção de liberdade interpretada por Byafra", que assina em coautoria com o jornalista e primo Pinheiro Junior, pela Editora Kimera. O conto contemporâneo, sobre um homem que sofre o preconceito de toda uma cidade por possuir asas, traz uma metáfora sobre liberdade, diversidade, empatia e respeito. O tema, inclusive, será levado aos palcos na peça "Ícaro", cujo roteiro e produção serão assinados pelo talentoso e dinâmico niteroiense. Além desse projeto, ele também revelou outros, como por exemplo mais um livro prontinho para ir à gráfica. E permeou suas respostas com opiniões sobre os rumos da cultura brasileira.