Segundo especialistas, basta seguir o passo a passo da atividade em qualquer cantinho silencioso de casa - Divulgação
Segundo especialistas, basta seguir o passo a passo da atividade em qualquer cantinho silencioso de casaDivulgação
Por Irma Lasmar
Niterói - Antigo ritual que proporciona meios para acalmar a turbulência dos pensamentos e a agitação do corpo, a yoga não precisa de espaço próprio e tutoria externa para ser praticada e atingir seus objetivos. Isso é o que admite a maioria dos instrutores, que, principalmente neste período de isolamento social forçado pela pandemia de coronavírus, apontam a meditação como um ótimo recurso para reaver o equilíbrio emocional através da respiração profunda, do silêncio e da mente limpa. Segundo eles, basta seguir o passo a passo da atividade em qualquer cantinho de casa. Entre os benefícios está a diminuição da ansiedade, contribuindo para reduzir os casos de depressão - sem, contudo, substituir o tratamento médico, e sim sendo um fator auxiliar. Também combate a insônia, desenvolve o foco, a atenção e a capacidade de concentração, melhora a autoestima e a empatia, diminui a descarga de hormônios associados ao stress (adrenalina e cortisol) e por conta disso melhora a resposta imunológica do organismo.
"Nosso corpo está preso às restrições de circulação impostas pelas autoridades, mas nossa mente pode ser livre de processos de sofrimento como ansiedade, pânico e depressão, pois são todos mentais. O uso da meditação nos permite desenvolver uma capacidade melhor de lidar com situações de limitação física como essa da quarentena", explica Jorge Carrano, publicitário e praticante de Yoga desde 1993. "A yoga nos faz compreender, por exemplo, que esta pandemia é uma situação passageira, aquietando a mente e afastando os pensamentos negativos. Não quer dizer que a pessoa que medita não se preocupe nem sofra, e sim que ela consegue fazer isso numa medida razoável, sem deixar o desespero dominar seus pensamentos".
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Certificado pela Escola de Kaivalyadhama, da Índia, pelo Studio Saraswati de Yoga e Vedanta, no Rio, e pelo IEPY (Instituto de Estudos e Pesquisas em Yoga), em São Paulo, Carrano lembra que, se precisamos manter o corpo saudável durante essa fase através de exercícios físicos em casa, o mesmo acontece com a cabeça. "Precisamos cuidar para que esse momento de exceção não seja o gatilho para o desenvolvimento de transtornos que continuem a nos causar sofrimento mesmo depois de o confinamento acabar", alerta. De acordo com ele, uma boa dica é aproveitar para arrumar os armários, reler aquele livro que você tanto gostou, assistir aos filmes favoritos, escrever um diário, conversar virtualmente com amigos e/ou fazer um curso on-line - atividades saudáveis que ocupam a mente.
Mas o que é a meditação e como se faz? "Não é um estado de 'esvaziar a mente', como alguns afirmam, até porque isso é impossível. Nossa cabeça produz pensamentos contínuos, cujo fluxo pode ser desacelerado". A tradição diz que o melhor horário para meditar é bem cedo, antes do amanhecer, porque nesse horário a casa, a cidade, o mundo estão mais calmos. Isso tem por objetivo diminuir os estímulos que distraem a mente. Certamente é mais fácil meditar num lugar silencioso do que num outro em que o cachorro late, as crianças brincam, a TV está ligada etc.", sugere o especialista. "Escolha um lugar na sua casa onde você possa ficar alguns minutos sozinho e em silêncio. De preferência, feche as cortinas ou persianas para diminuir a luz. Procure estabelecer um horário fixo, ou próximo disso. Todo dia ao acordar é uma boa sugestão, porque a mente ainda não está totalmente agitada pela rotina da casa. Mas também pode ser antes de dormir".
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Quanto ao tempo, Carrano diz que deve ser progressivo: quem não está acostumado a meditar, começa com três ou cinco minutos. Depois a prática ficará mais fácil e a duração poderá ampliada. "Lembre-se, o que vale não é a quantidade e sim a qualidade do tempo. Bote o celular ou despertador para tocar para que não precise ficar olhando a toda hora. Ah, e no caso do celular, coloque no modo avião durante a prática", orienta. Como nem todo mundo consegue ficar sentado no chão de pernas cruzadas sem que as costas e os joelhos doam, a meditação pode ser feita sentado numa cadeira, com os dois pés no chão e as mãos sobre as pernas, mas evitando encostar na cadeira ou na parede. O importante é manter a coluna ereta, para que a respiração possa fluir o mais naturalmente possível", complementa. 
Sobre a técnica, ele sugere a observação da respiração: "Simplesmente perceba o corpo respirando, o ar passando pelas narinas, sem interferir. Só se observe. Silêncio, perseverança e atenção. Não tem milagre, é só prática. Namastê", finaliza.