Equipe é formada por oito profissionais: atendimento presencial e online - Divulgação
Equipe é formada por oito profissionais: atendimento presencial e onlineDivulgação
Por MARCELO BERTOLDO

Acolher, verbo transitivo indireto com significado de oferecer refúgio, proteção, conforto. Com a nova realidade imposta pela pandemia do coronavírus, a palavra se tornou um dos pilares do projeto 'psiCOVIDa', iniciativa desenvolvida pelo setor de Psicologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) que oferece tratamento para os profissionais de saúde da unidade, pacientes internados e seus familiares.

Com atendimento presencial e online, as psicólogas Ana Paula Brandão, Andréia Thurler, Júlia Reis, Márcia de Martino, Rosângela Portugal, Tânia Ventura e Virgínia Dresch, além da psiquiatra Thabata Luiz, coordenam o programa destinado a escutar os que precisam de suporte psíquico ou emocional neste momento delicado, cercado de incertezas.

"A principal dificuldade que detectamos nas pessoas que nos procuram é o medo. O medo é uma emoção natural e saudável, que tem a função de nos alertar diante do perigo, preservando a vida. No entanto, pode se tornar problemático quando se avoluma e causa danos emocionais. O medo é do vírus, do novo, do desconhecido e do modo de viver com as regras e restrições impostas pela pandemia", diz Ana Paula Brandão.

Farmacêutico bioquímico do Huap, Gilmar Lacerda trocou o jaleco profissional pela camisola de paciente quando recebeu o diagnóstico positivo para a covid-19. Foram quatro dias de internação no Hospital de Icaraí antes da alta, no dia 8. Devidamente atendido, decidiu preservar os pais, Iraci e Gilberto, que moram em Nova Iguaçu, e só contou sobre a internação após ter tido alta. Ele não recorreu ao serviço de apoio psicológico, mas conta que a ajuda dos amigos tem sido fundamental para manter a mente saudável enquanto o corpo se recupera. 

"Moro sozinho em Niterói. Se meus pais soubessem, teriam vindo na hora. Tinha que poupá-los, pois eles têm mais de 60 anos e estão no grupo de risco. Estou isolado, com saudade do abraço deles num momento de tanta fragilidade. Depois que recebi alta, recebi o suporte de muitos amigos, que se disponibilizaram a trazer comida e a fazer compras. Isso tem me ajudado muito. Sozinho, seria tudo mais difícil", conta Gilmar.

VISITA VIRTUAL

A ideia de acolher os profissionais que estão na linha de frente no tratamento do coronavírus ganhou força nas últimas semanas, com atendimentos diários. Segundo a equipe do 'psiCOVIDa', o medo de contaminação e de se tornar um possível vetor para os familiares é um dos pontos de maior aflição dos que trabalham no Hospital Antônio Pedro.

Já entre os pacientes, a angústia do isolamento aumenta com a impossibilidade de contato com os parentes. Distância que a equipe do programa pretende diminuir com as visitas virtuais por meio de três tablets doados recentemente às psicólogas.

"O conforto afetivo é fundamental. O contato com o médico ou psicólogo não basta diante da distância das pessoas mais amadas. Essa medida visa a diminuir a solidão num momento tão difícil", explica Ana Paula Brandão, que resume a meta do projeto:

"Nosso principal objetivo é fazer com que aqueles que nos procuram saiam do atendimento melhores do que quando chegaram, apontando a eles uma esperança realista de recomeço após a pandemia". 

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