Familiares e amigos puderam acompanhar a cerimônia de casamento de Otávio e Thaís pelo YouTube, com transmissão direto da igreja - Reprodução / YouTube
Familiares e amigos puderam acompanhar a cerimônia de casamento de Otávio e Thaís pelo YouTube, com transmissão direto da igrejaReprodução / YouTube
Por Irma Lasmar
Niterói - Noivos que se programaram para casar em 2020 tiveram que tomar a decepcionante decisão de adiar o sonho, certo? Errado! Alguns deles, motivados pelo imenso desejo de concretizar seu projeto pessoal de vida a dois, desafiaram o novo coronavírus - porém, tomando os devidos cuidados para não se contaminar. A cerimônia foi adaptada para o momento de pandemia, contando com a presença apenas com o casal, seus pais, o celebrante e poucos padrinhos - isto é, sem convidados. (Veja galeria de fotos ao final da matéria.)
Contudo, a igreja vazia não desanimou Otávio Augusto Nóra e Thaís Pereira Nóra, que não se arrependem de manter a data e realizar o matrimônio sob condições adversas. A Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora (pertencente ao Colégio Salesiano Santa Rosa) possui 600 lugares e poderia comportar 150 pessoas com a flexibilização concedida pela Prefeitura, respeitando o distanciamento mínimo entre os frequentadores, entretanto o casal preferiu abrir mão da presença física dos convidados - garantindo a total segurança da saúde de todos - e transmitir a cerimônia ao vivo pelo YouTube para os familiares e amigos. No dia 11 de julho, além dos noivos, somente os pais, os padrinhos e o diácono, que já acompanha desde o comecinho esta linda história de amor.  
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"Claro que gostaríamos de ter compartilhado daquele momento com todas as pessoas que amamos, mas o que importa pr'a gente é o sacramento em si e a nossa vida baseada nos preceitos da nossa religião, a católica. Mesmo com a Igreja vazia devido à atual conjuntura, o coração estava cheio de felicidade, pois oficializamos o início da nossa família", afirma Otávio, professor de 32 anos. "Num momento geral tão difícil, celebramos o amor e sua força transformadora diante do altar e com a bênção de Deus. Ficamos sentidos de infelizmente não poder chamar todos que queríamos conosco, mas a tecnologia ajudou e os entes queridos acompanharam virtualmente a cerimônia através da live, de uma forma leve e divertida, unindo todos nesta nova modalidade de convívio social, que deve perdurar até a criação da vacina anti-covid", diz Thaís, nutricionista de 28.
O padrinho, Marcelo Aceti, foi também o cantor da solenidade. Poeta, escritor, músico e cerimonialista de casamentos, o amigo dos noivos imaginava que os veria tristes, já que o casamento havia sido planejado e preparado há cerca de um ano. Todavia, surpreendeu-se com a beleza e a emoção mesmo em um evento tão discreto. 
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"Faltando pouco mais de um mês para a data, quando tudo parecia estar certo e nada poderia dar errado, o mundo para e tranca todos em casa sem perspectiva de retorno. É sofrido. Imagine os noivos, depois de tanto sonho e dedicação, verem arrancados de si, de repente, o dia com que sonharam se casar, a festa que organizaram, a viagem de lua de mel, os convidados com quem queriam dividir a alegria desse momento. Mas agora, com a reabertura gradual das igrejas, ver a alegria deles faz até a gente refletir sobre a importância que damos pra tanta coisa que na verdade não importa tanto assim... Claro que seria ótimo comemorar rodeados de entes queridos, mas o importante é terem um ao outro, com amor e a decisão de viverem juntos as dores e as conquistas. O essencial para um bom casamento eles já têm... o resto é glacê!", exclama Aceti.
Uma cerimônia íntima e discreta já estava nos planos da advogada Carolina Patrocínio Teixeira Vaz, 32 anos, e do policial militar Jonas Nery de Brito, de 29, para o final de maio no cartório e seguida de um almoço com as respectivas famílias. A escolha se devia às férias do noivo marcadas para junho, propiciando a sonhada lua de mel no deserto do Atacama, porém sem êxito. Jonas ainda perdeu o pai em maio e a avó em junho - de 95 anos, com quem ele morava. Mas a forte ligação com o avô, de 96 anos, reforçou a importância de não adiarem mais o sonho a dois, inclusive por sugestão do próprio patriarca. A data foi remarcada para 26 de junho, aniversário da noiva, tornando-se uma dupla comemoração.
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"Eu gostei. Achei que não ia me emocionar, por ser uma assinatura em cartório, mas estava enganada. Só podiam entrar os noivos e as testemunhas, no caso minha mãe e minha irmã, mas o avô dele conseguiu acompanhar a cerimônia sentado em uma cadeira afastada, bem como minha sogra, minha tia e meu irmão, que mesmo do lado de fora, em certo ângulo, assistiram a tudo. Depois que passar a pandemia, ainda pretendo fazer um almoço", comenta Carol.