Agentes cumprem, desde as primeiras horas do dia, mandados na casa do prefeito, na sede da Prefeitura de Niterói e em outros endereços ligados ao caso - Imagem Internet
Agentes cumprem, desde as primeiras horas do dia, mandados na casa do prefeito, na sede da Prefeitura de Niterói e em outros endereços ligados ao casoImagem Internet
Por O Dia
Niterói - O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, é alvo de mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, na manhã desta quarta-feira (16/12). A ação apura irregularidades nas obras da Transoceânica Charitas-Engenho do Mato e contratos de publicidade efetuados pela Prefeitura de Niterói.

Desde o início da manhã, os agentes fazem buscas em vários endereços, inclusive na casa de Neves e na prefeitura da cidade. Duas viaturas da Polícia Federal chegaram ao prédio onde mora o prefeito, em Santa Rosa, pouco antes das 5h50m. Dentro do apartamento, os agentes procuraram por documentos. Às 7h10, os federais deixaram o prédio levando bolsas com dezenas de papéis. O prefeito, a mulher e os filhos estavam dormindo quando a PF chegou.
Ao todo, 11 mandados de busca de apreensão foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal (TRF), sendo 8 no Rio de Janeiro e 3 em São Paulo. Outros mandados são cumpridos na Região Oceânica de Niterói e na Gávea, na Zona Sul do Rio. Neste caso, o alvo seria o cineasta René Sampaio, que é dono de uma produtora de filmes e teria um contrato com a prefeitura de Niterói. Mais de 50 policiais federais participam da ação.

Rodrigo Neves já tinha sido preso em dezembro de 2018 por uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil, por receber propina de R$ 10 milhões de empresas de ônibus. Antes disso, em março foi denunciado por fraudar um contrato de publicidade com a agência Prole, de mais de R$ 60 milhões. Esta denúncia feita à Procuradoria-Geral da República (PGR) em delação do publicitário Renato Pereira, é que está sendo alvo da busca e apreensão feita hoje pela Polícia Federal em Niterói.

De acordo com o marqueteiro, a licitação foi dirigida para que sua empresa vencesse, depois de haver participado da campanha de Rodrigo Neves à prefeitura de Niterói, ele que teria pagado o custo do marketing com dinheiro de caixa 2, repassado por um esquema do ex-governador Sergio Cabral.
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Segundo Renato Pereira, Cabral bancou metade do custo de R$ 8 milhões da campanha de Rodrigo Neves em 2012. O prefeito também teve entre seus doadores outro condenado pela Lava Jato, o empresário Ricardo Pessoa, dono da Constran, empresa que juntamente com a Carioca Engenharia há cinco anos constrói uma via de nove quilômetros ligando a Região Oceânica a Zona Sul da cidade. A obra da Transoceânica consumiu mais de R$ 420 milhões, somados os aditivos ao custo inicial de R$ 310 milhões. Segundo decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a construtora e funcionários da prefeitura terão que devolver aos cofres públicos R$ 11,5 milhões superfaturados.

Construção da Transoceânica entre o Engenho do Mato e Charitas custou R$ 400 milhões para o município. Ela é feita pelo Consórcio Transoceânico, que reúne a Carioca Engenharia e a Constran (de propriedade de Ricardo Pessoa, condenado a oito anos na Operação Lava Jato).

Por meio de nota, o prefeito de Niterói se pronunciou sobre a operação realizada pela Polícia Federal, esta manhã, em sua casa e na Prefeitura:

"Em relação à absurda ação de busca e apreensão realizada nesta manhã (16), o prefeito Rodrigo Neves esclarece que nunca foi ouvido ou convidado a prestar qualquer esclarecimento sobre quaisquer assuntos. Nenhum objeto de valor foi apreendido, apenas o seu celular pessoal. O prefeito não possui automóvel ou objeto de valor. Apesar de não ter informações sobre do que se trata a ação, o prefeito esclarece que a Transoceânica e o túnel Charitas Cafubá foram concluídos há tempos, cumprindo o planejamento da obra e melhoraram muito a qualidade de vida dos niteroienses. A prestação de contas detalhada foi concluída e aprovada por órgãos de acompanhamento e financiamento, como a Caixa Econômica Federal.
O objetivo da ação sobre fatos ocorridos há muitos anos, sem que o prefeito jamais tenha sido ouvido, tem o claro objetivo de desgastar a administração e o prefeito que tem aprovação de mais de 85% da população e cujo sucessor obteve vitória retumbante no primeiro turno com 62% a 9%.

O prefeito repudia a utilização de aparato do Estado com a polícia para ações de perseguição política.A administração de Rodrigo Neves assumiu em 2013 com dívidas superiores a 500 milhões de reais e vai entregar nos próximos dias a Prefeitura com mais de 700 milhões de reais em conta disponíveis. Quando assumiu, o Fundo Municipal de Previdência tinha 12 milhões de reais e, hoje, tem mais de 740 milhões de reais. Como todos os processos da Prefeitura de Niterói, todas as informações sobre a obra estão disponíveis no Portal de Transparência. O planejamento e a execução da obra foram feitos com custo menor do que todos os projetos similares, no Brasil e na América do Sul.

Trata-se de uma ação abusiva, típica de regimes autoritários, cujo objetivo político, a poucos dias do encerramento do seu mandato, tem o evidente interesse de desgastar a imagem de uma administração e um prefeito amplamente aprovados pela população de Niterói e reconhecidos pela qualidade e transparência da gestão no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil. O prefeito vem sofrendo ataques e perseguições, sobretudo a partir do ano de 2018, mas nada foi encontrado contra ele.
O prefeito e sua defesa tomarão todas as medidas para identificar a origem desta perseguição política e responsabilizar os seus autores."

Segundo Renato Pereira, Cabral bancou metade do custo de R$ 8 milhões da campanha de Rodrigo Neves em 2012. O prefeito também teve entre seus doadores outro condenado pela Lava Jato, o empresário Ricardo Pessoa, dono da Constran, empresa que juntamente com a Carioca Engenharia há cinco anos constrói uma via de nove quilômetros ligando a Região Oceânica a Zona Sul da cidade.  A obra da Transoceânica consumiu mais de R$ 420 milhões, somados os aditivos ao custo inicial de R$ 310 milhões. Segundo decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a construtora e funcionários da prefeitura terão que devolver aos cofres públicos R$ 11,5 milhões superfaturados.

Em outra operação, a Quinto do Ouro, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Jonas Lopes Júnior, citou Rodrigo Neves e um dos empresários responsáveis pela construção da Transoceânica em uma negociação para receber uma vantagem indevida de R$ 100 mil, que repartiu com outros conselheiros do órgão na sala da presidência, a fim de relaxarem a fiscalização da obra polêmica.

Orçada inicialmente em R$ 310 milhões, a construção da Transoceânica entre o Engenho do Mato e Charitas custou mais de R$ 400 milhões para o município. Além dos transtornos que toda obra de grande porte provoca, a Transoceânica acumula uma série de erros e de falta de planejamento aumentando o prejuízo de comerciantes e moradores da Região Oceânica. Ela é feita pelo Consórcio Transoceânico, que reúne a Carioca Engenharia e a Constran (de propriedade de Ricardo Pessoa, condenado a oito anos na Operação Lava Jato).

Jonas Lopes foi denunciado pelo Ministério Público Federal ao Superior Tribunal de Justiça, como resultado das investigações da Operação Quinto do Ouro, que eclodiu em março de 2017 com o afastamento dele e de outros seis conselheiros do TCE-RJ para apurar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro nacional e associação criminosa.