O Dia Mundial do Braille tem por objetivo aumentar a conscientização sobre a importância do braille como meio de comunicação na plena realização dos direitos humanos para pessoas cegas e com deficiências visuais - Imagem Internet
O Dia Mundial do Braille tem por objetivo aumentar a conscientização sobre a importância do braille como meio de comunicação na plena realização dos direitos humanos para pessoas cegas e com deficiências visuaisImagem Internet
Por Luciana Guimarães
Niterói - Victor Silva de 9 anos é um apaixonado pela leitura e devora todos os gêneros. Aos 9 anos, o pequeno judoca faz do hábito um prazer até mesmo nos fins de semana: "Desde o diagnóstico, começamos uma busca intensa pela inclusão dele em tudo. O Braille permitiu ao meu filho acesso à educação, à leitura, à escrita e ao conhecimento - o que, sem dúvidas, é um ganho para todos. Por isso, o Dia Mundial do Braille deve ser lembrado sempre.", afirma a orgulhosa mãe do menino, Monyque Silva.
A ONU celebra, neste dia 4 de janeiro, o segundo Dia Mundial do Braille, para destacar a importância deste método na plena realização dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência visual ou visão parcial.
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Braille é inclusão, resistência e equidade.
O sistema de escrita e leitura em relevo criado pelo francês Louis Braille no início do século XIX mudou para sempre a história das pessoas com deficiência visual e continua sendo imprescindível até hoje!
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Mesmo com o avanço de recursos de acessibilidade como o livro digital acessível (como o ePUB3) ou audiolivro, o braile continua sendo uma ferramenta indispensável para a educação e inclusão social das pessoas cegas, principalmente na alfabetização das crianças.

Isso porque o aprendizado dos pequenos depende da representação tátil dos símbolos da Matemática, Química, Física, Música, entre outras disciplinas. Além disso, os livros em braile trazem gráficos, mapas, figuras geométricas e outras ilustrações em relevo para que as crianças cegas tenham acesso às mesmas informações que os alunos que enxergam.

Esta data foi escolhida porque, em 4 de janeiro, nasceu Louis Braille, inventor do sistema de leitura e escrita do Braile. Através do toque, as pessoas com problemas de visão têm maior acesso à integração na sociedade.

Louis Braile
Louis Braille nasceu perto de Paris, França, em 4 de janeiro de 1809, e ficou cegou aos 3 anos de idade. Aos 20 anos, conseguiu inventar o alfabeto Braile, conhecido no mundo inteiro. Ainda hoje é usado como forma oficial de escrita e leitura por pessoas com deficiência visual.

Este sistema de escrita tátil, inventado por Braille, em meados do século XIX, consiste em uma letra, dígito ou símbolo musical representado por uma combinação de seis pontos, que garante o acesso aos cegos à leitura. No entanto, este método não permite a escritura.

Dados da ONU
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que há 36 milhões de cegos no mundo e 216 milhões com deficiência visual moderada ou grave. A ONU recorda que as pessoas com deficiência visual correm maior risco de acabar na pobreza: a perda da visão pode causar uma vida de desigualdade, saúde precária e dificuldade de acesso à educação e ao trabalho.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU em 2006, enfatiza o bem-estar das pessoas com problemas visuais, devido ao Braile, elemento essencial para a educação, a liberdade de expressão, acesso à informação e à inclusão social.

Em 2018, a Assembleia Geral da ONU decidiu dedicar um Dia Mundial ao Braile, - 4 de janeiro - reconhecendo o uso da linguagem escrita como essencial para a plena realização dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Esta data prevê, anualmente, uma série de iniciativas de conscientização, para que todos os seres humanos tenham uma vida próspera e gratificante.
“Toda criança que nasce cega ou perde a visão na primeira infância deveria ter garantido o direto de ser alfabetizada e de ter acesso a livros didáticos em braile. Ele é o único sistema natural de leitura e escrita que permite a representação do alfabeto, além de números e simbologias científica, fonética, musicografia e informática”, explica a coordenadora de revisão em braile da Fundação Dorina, Regina de Oliveira. Ela é cega desde o 7 anos de idade e hoje integra os Conselhos Iberoamericano e Mundial do Braille.
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Entrar sozinho em um elevador, encontrar seus produtos preferidos no supermercado, ler com tranquilidade os cardápios nos restaurantes, consultar contas bancárias com privacidade e ingerir seus remédios com segurança são apenas algumas das situações em que o braile garante às pessoas cegas o direito de viver com independência e exercer sua cidadania plena.