Em casa, os pequenos prazeres em família - Imagem Arquivo Pessoal
Em casa, os pequenos prazeres em famíliaImagem Arquivo Pessoal
Por Luciana Guimarães
Niterói - 2020 foi embora e deixou um misto de sentimentos que varia muito de acordo com a história pessoal de cada um.
O Dia da Gratidão é comemorado no Brasil no dia 6 de Janeiro. Entretanto, existe a comemoração mundial, que ocorre no dia 21 de Setembro. Porém, ambas possuem o mesmo intuito, que é praticar a gratidão pelas suas conquistas, amigos e familiares.
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Sempre que reconhecemos acontecimentos, gestos, palavras ou pequenos detalhes do cotidiano como “dignos de nota” e agradecimento, nosso cérebro reage, aumentando o nível de dopamina — neurotransmissor responsável, dentre outras funções, pela sensação de bem-estar, humor e prazer. Por consequência, quanto maior a liberação de dopamina, mais satisfeitos e felizes no sentimos.
A professora Lili Oliveira, moradora do Fonseca, viu um projeto profissional terminar ano passado graças à pandemia, e paralelamente, percebeu uma ligação ainda mais forte com a família surgir: "Minha vida sempre foi corrida e dava aulas em mil lugares. Uma tristeza foi ter ficado um tempo sem trabalhar, mas eu, meu marido e meus filhos nunca estivemos tão conectados e dispostos em nosso convívio familiar. Foi um tempo de extremo amor e cuidados uns com os outros. Cozinhamos, assistimos lives e nos curtimos muito.", revela a profissional de Educação Física.
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A gratidão é um sentimento simples, porém muito poderoso. É por esse motivo, afinal de contas, que a maioria dos indivíduos possui tanta dificuldade em agradecer às coisas simples da vida: precisamos batalhar por tudo aquilo que nos faz bem.

Mas por que essa emoção é tão poderosa? De maneira bastante simplificada, podemos explicar essa afirmação pelo simples fato de que, quando possuímos um olhar mais positivo, todos os nossos problemas parecem diminuir e se tornar mais leves. Isso porque somos capazes de ver, que nenhuma dificuldade é o fim do mundo, e é possível vencer todas elas!
Em meio à dor, perdas humanas e materiais, ao medo, insegurança sobre o futuro, solidão, ansiedade, há o outro lado. E uma maneira de enxergar o que estar por vir é com esperança, fé e, acima de tudo, sendo grato pelo simples fato de existir, de respirar. E consciente de que a gratidão não é só pelo que dá certo, mas por tudo que está presente na vida de cada um. Com altos e baixos, dores e alegria.
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É saudável e essencial ver o lado bom e o ruim de cada situação. O nosso nível de estresse está muito alto neste ano, mas é preciso ativar o lado bom e reconhecer os aprendizados que 2020 trouxe. Não precisamos “ligar mecanismos” para não lidar com os sofrimentos, mas enxergar e conseguir valorizar o lado bom da vida.
Uma estrada de mão dupla, a gratidão faz bem a quem pratica e recebe e é tudo que o mundo precisa neste momento, porque ela se materializa na forma de amor, compaixão, solidariedade, amizade, cuidado, carinho, atenção, enfim, um ato de nobreza. 
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Para a psicóloga Adriane Pedrosa, é importante sermos sempre gratos à vida, sem jamais sucumbir, mesmo quando tudo pareça difícil. “Às vezes, valorizamos coisas tão banais e, com isso, nos perdemos dos pequenos, mas preciosos, detalhes, como observar o voo de um pássaro ou mesmo o caminhar de uma formiga. Tenho certeza de que isso tudo se tornou grande para muita gente depois das lutas que enfrentaram. Cada batalha mostrou o verdadeiro sentido da palavra esperança. Viveram a dor confiando sempre no amor”, afirma.
A gerente de projetos Marisa Labanca também se reconfigurou na última década. Há alguns anos lida com o luto maternos após perder a filha graças à um erro médico: "O amor materno é o tipo de sentimento que só entende quem já teve seus próprios filhos. A intensidade e extensão desse sentimento não podem ser comparadas com as de qualquer outro. Por isso, o luto pela perda de um filho costuma ser muito mais complexo e difícil de superar. Eu tento, diariamente, tocar a vida. Preciso seguir e ser grata pelo tempo que ainda tenho aqui. Uma maneira de honrar minha princesa é ser feliz, e para isso, exercito apesar de tudo, minha energia. Tenho minha mãe, minha irmã, meus gatos, um emprego que amo e enxergo isso como bênçãos.", enfatiza.
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Os momentos da vida em que experimentamos uma renovação ou confirmação da fé, em Deus, no amor, na humanidade, são talvez os de maior emoção e catarse, os de maior sentido místico e existencial. E isso o duríssimo ano trouxe. Ainda que tímido para o tamanho dos problemas econômicos e sociais que enfrentamos, o florescimento da solidariedade coletiva que vivenciamos, os meses da quarentena não podem nos dar nada menos do que a mais bela das esperanças.
A beleza maior desse período sombrio vivido foi conseguir, através das redes de solidariedade, encontrar a cidadã e o cidadão comum: se ajudando, se apoiando e mostrando, como nunca, a força do brasileiro. Aqueles que mesmo enfrentando seus próprios problemas souberam, pela vida com pés fincados na realidade das coisas, que o engajamento e o trabalho social não podem ser uma catarse solidária de um dia ou de um gesto único, que a transformação vem do compromisso, da permanência e da construção diária. O trabalho voluntário e apaixonado nas várias frentes e as doações modestas mas contínuas, durante todo o ano, foram o combustível e o motor do pequeno milagre.
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Mas como, em meio à pior pandemia dos últimos 100 anos, gravíssima e que assola nossos corações e mentes, manter uma perspectiva positiva e que nos motive à continuar acreditando que dias melhores realmente virão? O nosso povo é realmente único! Vimos nosso poder em conteúdos que surgem por todos os cantos do Brasil, e notamos escancaradamente que, apesar do isolamento e deste momento tão difícil e sem precedentes, quando o calo aperta; quando o "bicho vai pegar", somos inundados quase que instantaneamente de uma solidariedade, de uma pujança afetiva e de um incitamento ao coletivo que são, no mínimo, comoventes.
Seja na gentileza e na corrente do bem que muitas pessoas disseminaram em prédios e condomínios das cidades mais afetadas pela doença ao se disporem ao ir aos mercados para quem está no grupo de risco, seja em serenatas nas varandas, seja nas inúmeras campanhas de arrecadação de alimentos e materiais essenciais ao combate da famosa "curva" do Coronavírus; tudo leva à um viço e uma crença poderosíssimos de quê, sim, vamos superar. E aprendemos: mudamos a mentalidade atual, tão individualista em seu cerne, que nos impede de cumprir pactos sociais simples, como nos colocar no lugar dos outros. Seremos melhores depois disso tudo, seremos conscientes e mais humanos! 
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Tentemos vislumbrar sempre encantamento, alto astral e a magia que belos momentos podem proporcionar: sejamos gratos!