Vagas de emprego Teresópolis - Imagem Internet
Vagas de emprego TeresópolisImagem Internet
Por Luciana Guimarães
Niterói - Aos 22 anos, Miriã Guimarães, moradora do Barreto, é dessas jovens que inspiram e dão o exemplo. Trabalhando em 2 empregos e cursando faculdade de enfermagem, ela sai de casa às 6 da manhã e só retorna depois das 11 da noite. O sonho da casa própria, de uma pós no exterior e muitos outros planos fazem parte da vida dela, mas o temor de ficar desempregada não é algo fácil de lidar: "Eu faço milhares de projetos na minha cabeça e mesmo sendo absolutamente regrada com minhas finanças, e tendo duas rendas, sou cautelosa em até onde posso ir. Porque não sei se mês que vem minha situação ainda será favorável. Tenho muitos amigos buscando faz tempo uma oportunidade e nada.", avalia.
Com um cenário econômico instável e nada favorável ao crescimento das empresas, sentimentos como ansiedade, medo e insegurança vem à tona. As expectativas da população e das empresas é de que a crise econômica vai piorar ainda mais. E com isso, as pessoas ficam com medo de perder o emprego. O desemprego significa depender dos outros e provoca a sensação de que tudo pode dar errado: medo de ficar sem um teto, sem comida, sem vida social, etc.

Esse medo contínuo pode tornar o profissional menos produtivo e pode levar até a doenças e distúrbios emocionais.
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O desemprego afeta milhões de pessoas pelo mundo, independentemente do grau de desenvolvimento de um país. Entretanto, os maiores números de cidadãos e cidadãs sem emprego formal localizam-se em países emergentes e/ou subdesenvolvidos, algo que preocupa organizações internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas (ONU). As causas do desemprego são as mais variadas e diversas, desde mudanças estruturais e inovações tecnológicas a crises econômicas e sociais. 
O medo de perder o emprego é crescente entre os brasileiros. A preocupação é ainda mais intensa entre mulheres, jovens com idade entre 16 e 24 anos, profissionais com baixa escolaridade e moradores de periferias. É o que aponta a pesquisa Índice do Medo do Desemprego, divulgada hoje (6) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo o estudo, o índice ficou em 57,1 pontos, na medição feita em dezembro de 2020 – número que se encontra acima da média histórica de 50,2 pontos. “No trimestre, o indicador subiu 2,1 pontos na comparação com setembro do ano passado e está um ponto acima do registrado em dezembro de 2019”, disse a CNI.
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Em muitas as culturas, o trabalho é visto muito além de um apoio financeiro, ele é principalmente uma fonte de felicidade e equilíbrio psicológico e / ou social. Dessa forma, sempre que não houver trabalho, haverão mudanças significativas na vida das pessoas, por isso, principalmente nesses tempos de pandemia.

Quando o recorte abrange o público feminino, o indicador (que mede o medo de perder o emprego) fica ainda maior, chegando a 64,2 pontos. Entre os homens, o índice está em 49,4 pontos. Nos dois casos a CNI identificou aumento do medo do desemprego, na comparação com setembro.

Levando em conta o grau de instrução dos entrevistados, o perfil que apresentou nível maior de medo é o de pessoas com grau de instrução inferior ao ensino médio completo, ficando em 59,1 pontos entre os que estudaram até a 4ª série da educação fundamental, e em 59,2 pontos entre os com instrução entre a 5ª e a 8ª série.

“O temor também cresceu entre os entrevistados com educação superior”, afirma a CNI. Nesse caso, o índice passou de 50,1 pontos em setembro para 54,7 pontos em dezembro. “Ainda assim, esse grupo da população [é o que] apresenta o menor índice de medo do desemprego entre os estratos por grau de instrução”, explica a entidade.

Moradores das periferias também estão entre os que apresentaram maior crescimento no Índice do Medo do Desemprego, passando dos 55,9 pontos de setembro para 65,5 pontos em dezembro. Tendo como recorte os residentes nas capitais, o índice ficou em 57,5 pontos . Já os moradores das cidades do interior registraram um índice de 55,2 pontos.
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"É necessário considerar que o desemprego é uma experiência de subjetividade que vai além da falta de ocupação, pois o desemprego se baseia em uma série de circunstâncias pessoais, incluindo os recursos psicológicos da pessoa afetada e do ambiente em que vive. Semelhante a uma situação chocante que é desorientadora e confusa, com uma sensação de fracasso e incapacidade de planejar o futuro. E uma pessoa incapaz de planejar o dia seguinte vive uma angustia diária. É sempre um trauma e pode causar até depressão", avalia a psicóloga e gerente de RH Magda Guedes.

Satisfação com a vida
O levantamento apresentado pela CNI mede também o Índice de Satisfação com a Vida (ISV). Este índice alcançou 70,2 pontos em dezembro de 2020, ficando acima da sua média histórica de 69,6 pontos. De acordo com a CNI, isso não ocorria desde 2014.

Para o gerente-executivo de Economia da CNI, Renato da Fonseca, essa melhora pode estar relacionada “tanto à percepção, no início de dezembro, de melhora da crise sanitária e econômica, como ao auxílio emergencial que proveu maior segurança econômica às famílias de baixa renda”.

Na avaliação da CNI, o aumento deste índice foi maior entre os entrevistados com renda familiar até dois salários mínimos. “Mas, mesmo assim, esse grupo apresenta o menor índice”, complementa a CNI, ressaltando que a satisfação “cresce na medida em que aumentam a renda familiar e o grau de instrução do entrevistado”.

A satisfação com a vida é maior entre os mais jovens. “O índice cai de 72,8 pontos, entre os entrevistados com 16 anos a 24 anos de idade, para 68,9 pontos entre os com 55 anos ou mais”.

Para fazer esse levantamento, a CNI entrevistou duas mil pessoas em 126 municípios, entre 5 e 8 de dezembro. As entrevistas foram feitas pelo Ibope Inteligência.