O prefeito de Niterói, Axel Grael, disse que não é mais possível olhar para a cidade e delegar para outros a solução dos problemas climáticos. Para ele, a complexidade de soluções para os problemas do mundo requer uma abordagem ao mesmo tempo local, nacional, global e planetária. A criação do fórum municipal e da secretaria municipal do Clima demonstra a responsabilidade que a cidade assume na agenda climática.
“O tema da mudança climática é extremamente complexo e trazer o cidadão a se interessar para participar das ações decisórias é um enorme desafio. O processo de transformação precisa romper uma certa inércia, que passa uma mensagem pessimista. Precisamos montar uma agenda ambiental com situações de sucesso que possam promover a mudança. Niterói tem que fazer a sua parte para que o que a gente faz aqui motive os municípios vizinhos”, destacou.
O secretário municipal do Clima, Luciano Paez, explicou que, com a criação do fórum municipal, serão criadas câmaras técnicas que atuarão constantemente na busca por soluções para adaptação e mitigação das consequências das mudanças climáticas em Niterói, e em estudos e pesquisas que colaborem para soluções relativas ao tema. Já está disponível o chamamento público para que a sociedade organizada participe formalmente do fórum.
“Essa é a primeira secretaria de mudanças climáticas da América Latina, então temos um grande aprendizado a percorrer, dentro da gestão pública municipal. Não temos dúvida que nosso trabalho aqui será um grande divisor de águas. Todo esse trabalho que estamos iniciando hoje, com o lançamento do fórum, vai trazer oportunidades para que a gente construa a agenda climática na cidade”, disse.
O consultor do Banco Mundial e dos Fundos de Investimento de Clima, Andres Falconer, defendeu que a mudança climática exige priorização em outro patamar.
“A experiência de Niterói no tema da sustentabilidade é um sucesso. Não é exagero dizer que não só o país, mas o mundo, assiste com atenção o trabalho da cidade com a Secretaria do Clima”, comentou.
Economista, professor da PUC-RJ e coordenador estratégico do Climate Reality, Sérgio Besserman ressaltou a possibilidade de que a experiência niteroiense chame atenção para a discussão da agenda climática.
“As iniciativas de Niterói na agenda climática dão uma contribuição muito grande ao Brasil. Com este fórum, além de engajar cidadãos, Niterói pode desempenhar um papel de trazer luz à importância do trabalho conjunto das cidades nesse tema”, destacou.
Marlova Neto, da Unesco, que já tem cooperações técnicas com a Prefeitura de Niterói, pontuou que a instituição deve continuar trabalhando com o município.
“No ano passado, a Unesco conduziu uma pesquisa chamada 'O mundo em 2030', com resultados disponibilizados em 25 línguas. Chamou nossa atenção que a mudança climática e a perda da biodiversidade são vistos como dois dos mais preocupantes desafios dos próximos anos. É um aprendizado muito importante. Sabendo desses dados, saúdo essa iniciativa de Niterói e renovo o compromisso da Unesco em continuar trabalhando com o município, entendendo a necessidade de construir um mundo mais igual, onde ninguém seja deixado para trás”, comentou.
Também participaram do fórum, Ana Wernke e Rodrigo Perpétuo, do ICLEI; Guilherme Sirkis, do Centro Brasil do Clima; Márcia Massotti, da ENEL; Marcio Cataldi e Larissa Silveira, da UFF; Mario Mantovani, do SOS Mata Atlântica; Rafael Robertson e Fabiana Barros, da SMARHS; Valéria Braga e Victor Costa Ramos, da EGP; Filipe Simões, do Niterói de Bicicleta; Walace Medeiros, da Defesa Civil de Niterói; Vinicius Wu, da Secretaria de Educação; e Dayse Monassa, da Seconser.
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