O prefeito Axel Grael disse que está satisfeito com os resultados do Método Wolbachia e quer que Niterói seja o primeiro município do país a ter 100% do território protegido.Divulgação PMN - Bruno Eduardo Alves

A Prefeitura de Niterói e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinaram, nesta quinta-feira (26), uma carta de intenção para expansão do projeto Método Wolbachia para a região de Pendotiba, com financiamento da administração municipal. A liberação dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em Niterói, que começou com uma ação piloto em Jurujuba em 2015, e já cobriu cerca de 75% do território municipal, já surtiu efeitos. Dados divulgados pelo Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP) conduzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz, apontam redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de Zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica em Niterói.
O prefeito de Niterói, Axel Grael, se reuniu com o líder do Método Wolbachia no país e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, o coordenador de relações interinstitucionais da Fiocruz, Valcler Rangel, a diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia, Alessandra Siqueira, o diretor substituto do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Cássio Peterka, ambos do Ministério da Saúde, e o consultor da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Carlos Melo, para apresentação dos dados. Na ocasião, também foi assinada uma carta de intenção entre a Prefeitura de Niterói, a Fiocruz e o WMP Brasil para que a metodologia seja aplicada em todo o município. Para a nova fase, será feito um investimento de R$ 2,8 milhões.

“Nós estamos muito satisfeitos com os resultados do Método Wolbachia e queremos ser o primeiro município do país a ter 100% do território protegido. Niterói sempre foi um exemplo no combate à dengue no país e, por isso, hoje assinamos essa carta de intenções junto ao WMP Brasil e a Fiocruz para que a gente possa captar os recursos e terminar todo o município. Hoje constatamos o principal resultado do projeto, que são as baixíssimas ocorrências das doenças relacionadas ao Aedes aegypti. Temos muito orgulho que Niterói tenha sido escolhida, lá atrás, para implementação do projeto”, pontuou o prefeito de Niterói, Axel Grael.

A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.

A ação consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e seja estabelecida uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Não há modificação genética neste processo. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações, como é o caso das áreas de intervenção em Niterói.

“O projeto da Wolbachia em Niterói mostra a ciência inovadora chegando ao serviço de saúde e colaborando com a qualidade de vida da população. A redução dos casos de dengue, chikungunya e Zika possibilitou, por exemplo, que na pandemia pudéssemos concentrar nossos esforços no combate à Covid, sem os números que registramos por essas doenças em anos anteriores”, frisou a superintendente executiva da Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, Camilla Franco.

Em Niterói, a implementação do Método Wolbachia começou por Jurujuba, em 2014. Até o momento, foram contemplados 33 bairros, alcançando 373 mil habitantes. Esta área corresponde a cerca de 75% do município. Nesta área, os mosquitos com Wolbachia estão estabelecidos, não havendo mais previsão de novas liberações.

“Os resultados de Niterói estão publicados em artigo científico e corroboram os dados do World Mosquito Program em outros países, como na Indonésia, onde houve redução de 77% dos casos e 86% das hospitalizações. Estamos muito satisfeitos em poder comemorar, agora com a população de Niterói, o sucesso dessa iniciativa”, destacou o líder do Método Wolbachia no país e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira.

Cerca de 750 voluntários participaram diretamente do Método Wolbachia, hospedando uma armadilha de mosquitos em sua residência ou estabelecimento comercial. Os agentes comunitários de saúde, agentes de combate às zoonoses, além das demais equipes do Programa Saúde da Família, foram essenciais para a implementação do Método Wolbachia em Niterói.

Também participaram do engajamento da população, professores e lideranças sociais do município. Grupos comunitários de referência, que são comitês consultivos locais, foram estabelecidos desde o início da implementação para acompanhar o projeto. Estes grupos reuniram representantes da sociedade civil, da academia e de diferentes órgãos governamentais.

Segundo informações, a partir de agora, o monitoramento dos mosquitos com Wolbachia será feito pelas equipes da Prefeitura.