Entre este sábado (27) e domingo (28/8), às 16h, o Teatro Popular Oscar Niemeyer vai receber o espetáculo: “A Rainha - experiências extraordinárias para a primeira infância”, direcionado a crianças de três a seis anos.
A peça une as linguagens da dança, do teatro e da música, convidando o público a entrar no mundo mágico e efêmero das fábulas e contos maravilhosos. Vestida com grandes saias infláveis e flutuantes de onde as coisas surgem e somem, a rainha se transforma o tempo todo. As crianças interagem com ela, por meio do movimento, do toque, da escuta, da sensibilidade e do olhar. Os pequenos exploraram, ainda, experiências sensoriais que desvendam novas possibilidades na construção do seu brincar.
No palco, a rainha bailarina divide a cena com músicas, figurinos, teatro de sombras, luzes e objetos que evocam as características de uma realeza, fazendo uma celebração da natureza com o lúdico, através da relação com o outro, com as flores, a partir dos cheiros, das cores e da experiência tátil e sensível do mundo.
A obra oferece uma oportunidade para vivenciar o mundo extraordinário e sensível das artes cênicas.
Com concepção, criação e interpretação de Andrea Jabor; e codireção, figurinos e ambientação cênica de Flavio Souza, o projeto “A RAINHA - Experiências extraordinárias para a primeira infância" foi selecionado no edital Petrobras Cultural para Crianças e recebeu o patrocínio da Petrobras para realizar circulação por 7 cidades de 3 regiões do Brasil. Assim, após passar pela cidade do Rio de Janeiro, o espetáculo, que agora é apresentado em Niterói, seguirá carreira em Fortaleza, Brasília, Ceilândia, Gama e Pirenópolis.
A rainha no imaginário da criança
“As rainhas permeiam nosso imaginário desde cedo. As fábulas, os contos maravilhosos e muitas histórias infantis estão repletas de Rainhas, boas e más. A Rainha neste espetáculo para mim representa o arquétipo da grande mãe, da mãe natureza, que encanta, domina, cuida, é bela, orienta, acolhe, é forte, mas muito frágil ao mesmo tempo. A fase de 3 a 6 anos é uma idade muito marcante, um período de grandes transformações, onde as crianças conquistam uma maior autonomia em relação a todos os aspectos de sua vida. No movimento, na fala, nas ideias, nas escolhas, onde aprendem a viver em sociedade e a criar seus mundos paralelos de fantasia e possibilidade. A Rainha é como uma criança nesta idade. Acredita nas coisas com o coração, quer reinar, criar e conquistar o mundo e as coisas. Descobre que ao brincar pode inventar mundos. Que tudo pode se transformar para criar aquilo que deseja ou imagina. É um mundo maravilhoso e espetacular cheio de possibilidades e por isso a importância de oferecer uma gama variada de experiências sensoriais e estéticas na primeira infância tem sido motivo de amplos debates na sociedade em busca de uma educação mais atualizada e engajada com as questões do século 21. Acho que este espetáculo junta duas questões muito importantes para mim como artista. Acreditar no mundo pelo coração e pelo amor com empatia e também não se apegar, pois o mundo está em movimento e as coisas se transformam o tempo todo, não podemos controlá- las, então se aprendermos a dialogar e brincar com o mundo a nossa volta com afeto, empatia, com delicadeza e humor, talvez possamos aprender algo, até a construir um mundo mais amoroso e menos competitivo e raivoso. Mais cooperativo, sensível e mais conectado com a natureza. Acho que todos estamos em busca de viver em um mundo mais conectado com o belo e a natureza. Meu desejo de ser Rainha é para poder continuar brincando de dançar a vida com este entendimento trazendo ternura, leveza, delicadeza e alegria.” (Andrea Jabor)
Investigando fases do desenvolvimento na primeira infância
“Em 2015, em pesquisa com Ana Achcar e Flavio Souza, dois grandes parceiros artísticos, estávamos investigando os arquétipos das Rainhas e o corpo como um lugar de poder. Nessa ocasião eu já dava aulas de corpo e desenvolvimento do movimento para mães com seus bebês de 3 a 8 meses. E também trabalhava numa pesquisa de movimento que investigava como as fases do nosso desenvolvimento estão presentes no nosso alfabeto de movimento e como podem fazer parte do nosso treino como bailarinos, intérpretes e criadores. Investigava a ideia dos brinquedos de corpo, do corpo como um brinquedo e esta relação brincante que a cultura popular nos ensina a ter com o corpo. Eu já estava também envolvida com as pesquisas sobre a cultura da criança, com a Lydia Hortélio e outros pesquisadores da primeira infância. O que me levou a fazer parte do filme Tarja Branca (sobre o brincar), de 2014. Aí por conta destes trabalhos, fui convidada pelo consulado da Dinamarca no Brasil, a participar junto com um grupo de outros artistas de um Grande Festival de teatro para infância e juventude chamado APRIL FESTIVAL. Neste festival, tudo que vi por lá e conheci fez com que eu quisesse focar meu olhar para esta faixa etária da 1ª infância. Assim decidi criar A Rainha, um espetáculo voltado para esta faixa etária. Em 2016 comecei então a experimentar dançar para este público dos pequenos. De lá pra cá foram muitas experiências e apresentações inclusive em festivais internacionais, como no KROKUS FESTIVAL da Bélgica e na Áustria. As crianças desta faixa etária são extremamente francas, emotivas, exigentes e sensíveis. Para se apresentar e dançar para esta faixa etária, e conquistar a atenção e olhar delas, é um desafio permanente para mim em cena. Tudo precisa ser muito real para se tornar fantasia e brincadeira. É também um desafio para a cena pois tenho que resolver a interação que se dá no momento da cena. Ou seja, eu como artista tenho que trabalhar com o inesperado, ser espontâneo, me preparar para o imprevisível e manter a minha escuta aberta para cada momento. Fui aprendendo aos poucos a dançar e trabalhar com este público.” (Andrea Jabor)
Sobre Andrea Jabor
Possui formação abrangente em dança, em teatro e em música. Carioca de nascimento, a sobrinha do saudoso Arnaldo Jabor, por ser filha de diplomata, viveu em diversos países e formou-se em dança contemporânea e coreografia nos anos 90 em Amsterdam (Holanda), com especialização em dança pelo “Laban Centre”, em Londres. Tem pós-graduação em Estudos Avançados em Dança e é mestranda no PPGAC da UNIRIO. Em 1999, após 10 anos fora do Brasil, se estabeleceu no Rio de Janeiro onde fundou a Cia Arquitetura do Movimento.
Ao longo de 15 anos de existência e repertório de mais de 12 espetáculos, recebeu diversos prêmios e patrocínios sendo o mais recente, o Prêmio Funarte Petrobras Klauss Vianna (2013), que possibilitou a realização do espetáculo “A Rainha e o Lugar”, que estreou em março de 2015, no Sesc Copacabana (RJ), e fez temporada em São Paulo, Brasília e Curitiba. Vale destacar na trajetória da Cia a parceria com Ricky Seabra no espetáculo “Isadora.orb a metáfora final” que viajou para Holanda, Itália e pelo Brasil no Palco Giratório; e “A Trilogia do Samba” que gerou três espetáculos de sucesso de público e crítica e um DVD sobre as matrizes do samba carioca (de 2007 a 2010). Em 2014, levou o espetáculo “Arquitetura do Samba, a dança do mestre sala e porta bandeira” ao renomado HOLAND DANCE FESTIVAL.
Além de coreógrafa, desde 2001 Andrea Jabor trabalha como diretora de movimento e preparadora corporal no teatro, cinema e em shows. Trabalhou ao lado de atores e diretores consagrados como Marco Nanini, Enrique Diaz, Arnaldo Jabor, Inez Vianna, Rodrigo Portela,entre outros. Atualmente também dirige a Casa 38, uma casa-studio-ateliê, que reúne arte, educação e movimento, no bairro do Humaitá (RJ).
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