Por thiago.antunes
Rio - "A imagem do bandido agonizando não sai da minha cabeça. Nem dormi direito. E não entendi como uma coisa dessas aconteceu em área com UPPs”. O desabafo é do professor de Geografia Reinaldo Nascimento, de 46 anos.
Ele chegava em casa na terça-feira à noite, quando João Henrique Mendes de Paiva foi baleado pelo cabo do 6º BPM (Tijuca) Leonardo Soares dos Santos, de 32 anos, que estava à paisana, após um assalto na Rua Haddock Lobo, na Tijuca. “Eu me joguei no chão quando ouvi os tiros”, lembrou.
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O bandido morreu a caminho do Hospital Souza Aguiar, no Centro. A ação foi flagrada pelo DIA.
O assalto tinha como alvo um casal que estava num Citroën C3, parado em frente ao número 300. Eles conversavam com o PM e a mulher dele, que estavam com o filho de 1 ano e sete meses. A mulher do carro teve a bolsa roubada pelos comparsas do bandido morto, que fugiram.
O assaltante agoniza em plena Haddock Lobo%2C após ser alvejado por PM à paisana (de camisa vermelha) Agência O Dia

A ação gerou sensação de insegurança em moradores do bairro, que já reclamavam de furtos e ataques a pedestres e motoristas.

Apesar de quatro UPPs terem levado a paz a comunidades da Tijuca, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram aumento de alguns crimes em relação ao ano passado.

Houve mais casos de roubo de celulares e ataques a pedestres e coletivos na área do 4º BPM (São Cristóvão), onde foi o assalto, e do 6º BPM (Tijuca) nos três primeiros meses deste ano, comparados ao mesmo período do ano passado.

Segundo o ISP, de janeiro a março, os roubos de celulares subiram 366% na área do 4º BPM, e os assaltos em coletivos, 26%. Já na região do 6º BPM, houve aumento de 30% de assaltos a pedestres; 140% de roubo de celulares; e 36% de roubos de carros.

Para Luis%2C há mais assaltos em sinais. Reinaldo assistiu a tudo de casaCarlos Moraes / Agência O Dia

A assessoria de imprensa da PM não permitiu que os comandantes do 4º BPM e do 6º BPM dessem entrevista.

Os dados divulgados na reportagem são de registros feitos na 18ª DP (Praça da Bandeira) e 19ª DP (Tijuca).

“Assaltos são frequentes”

Luis Otávio de Souza Reis, de 62 anos, conta que viu assalto da janela de seu apartamento. “Assaltos aqui têm sido frequentes, principalmente em sinais de trânsito. Eu não paro. Tenho escutado muitos relatos de pedestres assaltados, principalmente de roubo de celular”, contou Luis.

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A professora de Educação Física Vanessa Martins, de 27 anos, criou táticas para evitar assaltos: “Ando com pouco dinheiro e escondo o celular”. Um comerciante, que não se identificou, reclamou da falta de policiamento.