Por thiago.antunes
Rio - Uma gangue de jovens está tirando o sossego dos moradores da Lapa, no Centro do Rio. De bicicleta, garotos que aparentam não terem mais que 13 anos atacam suas vítimas principalmente na Rua do Riachuelo e na Avenida Mem de Sá.
Após mirarem uma pessoa com cordão, carteira ou celular à vista, dão o bote e fogem rapidamente, deixando a vítima sem ação.

Segundo os atacados, as ações ocorrem geralmente pela manhã ou no final da tarde, quando o movimento é maior nas vias.

Depois de ser assaltado três vezes, Genilson de Carvalho, de 53 anos, dono de um salão de beleza na Rua do Riachuelo há 12 anos, instalou câmeras de segurança para tentar inibir as gangues.

Acabou flagrando ataques. Ao analisar as imagens, constatou que, há pelo menos três meses, os horários da manhã e fim de tarde são os preferidos dos criminosos.

Objetos pequenos

O empresário contou que os jovens circulam pelas ruas da região de duas a três vezes por semana. A rota adotada por eles é sempre a mesma. Andam de bicicleta pela Riachuelo e a Mem de Sá, entre a Avenida Henrique Valadares e os Arcos da Lapa, para escolher quem será assaltado.

Revoltado com assaltos a seu salão%2C Genilson instalou as câmerasSeverino Silva / Agência O Dia

Os objetos roubados são sempre pequenos e fáceis de serem carregados, mas bolsas também são alvos constantes.

“Estamos num mato sem cachorro. São sempre os mesmos cinco rapazes. As câmeras do meu estabelecimento filmaram dois assaltos aqui na porta, inclusive uma das vítimas foi um funcionário meu”, contou Carvalho.

O funcionário é um cabeleireiro de 62 anos, chamado Alexandre Barreto. Segundo ele, no dia 1º, por volta das 11h, ele estava na porta do salão conversando com uma amiga, quando um jovem passou de bicicleta, subiu na calçada e roubou o seu cordão.

Cabeleireiro diz que ação foi rápida

“Fiquei impressionado com a ousadia e a rapidez dele. Não percebi nada, foi em fração de segundos. Pela forma que tudo aconteceu, ele já havia passado antes e visto o meu cordão. Quando passou de novo, só teve o trabalho de puxá-lo do meu peito”, lembrou o cabeleireiro Alexandre Alves Barreto.

Alexandre conversava com amiga em frente ao salão ao ser atacadoSeverino Silva / Agência O Dia

No dia 16 de abril, uma outra pessoa foi flagrada sendo assaltada por um dos membros da gangue. Uma mulher caminhava falando ao celular quando um ciclista passou pela rua e puxou o aparelho.

Alvos também no Centro

Em abril, uma série de reportagens do DIA revelou com fotos que gangues de jovens agem livremente de forma semelhante na Avenida Presidente Vargas, próximo à Avenida Passos, no Centro do Rio.

Eles não usam bicicletas, mas atacam pessoas distraídas com cordões e celulares e correm se arriscando entre os veículos, nos mesmos horários.

Empresário analisou imagens e diz que gangue ataca de manhã e à tardeSeverino Silva / Agência O Dia

O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, determinou maior policiamento. Poucas semanas depois, os roubos continuavam.

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A delegada da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Bárbara Lomba, diz que para desmantelar as gangues é preciso prender os receptadores dos objetos roubados.