Edmar de Oliveira Furtado, de 36 anos
Edmar de Oliveira Furtado, de 36 anosArquivo Pessoal
Por Natasha Amaral
Rio - Familiares de Edmar de Oliveira Furtado, de 36 anos, denunciaram ao DIA o descaso de policiais militares para prestar socorro ao rapaz, encontrado morto na última quarta-feira (19), em uma pista do BRT, próximo à estação Tanque, na Zona Oeste do Rio. Segundo familiares, Edmar teve um surto psicótico em casa, seguiu correndo por várias ruas e foi encontrado na via especial após ser baleado. Policiais militares teriam passado pela vítima ferida, ignorado o crime e não prestado socorro. Ainda de acordo com parentes, ele teria se desentendido com um homem e tentado roubar sua moto, momento em que foi alvejado. A Delegacia de Homicídios (DH) investiga o caso. Edmar foi enterrado, na tarde desta sexta, no Cemitério do Pechincha.
Eduardo Furtado Rodrigues, 29 anos, irmão de Edmar, contou ter sido informado que o rapaz teria tentado roubar uma moto na região. "Estavam ele, a esposa e dois amigos da igreja em casa. De repente, ele teve um surto e saiu correndo pelas ruas. Minha cunhada me ligou avisando e eu fui pra lá. Nós saímos atrás dele, quando veio um rapaz de moto perguntando se estávamos procurando alguém, que um rapaz teria tentado roubar uma moto. Peguei minha moto e fui atrás. Parei no sinal e fiquei esperando ele passar", disse Eduardo, que relatou ainda que Edmar saiu de casa no Morro da Covanca e foi encontrado Rua Cândido Benício.
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"Enquanto eu esperava, minha cunhada ligou dizendo que tinha encontrado meu irmão baleado na rua e eu fui até eles. Passaram duas viaturas da polícia e não pararam, aí fui até uma viatura da Guarda Municipal e fui informado que já tinham acionado a ambulância. Depois, dois PMs chegaram em duas motos, fecharam parte da rua e ficaram até o socorro chegar", contou.
Ainda segundo o ajudante de caminhoneiro, os policiais não realizaram o procedimento correto e saíram do local, o que dificultou a liberação do corpo posteriormente. "Eles tiraram foto da habilitação do meu irmão e tinham que fazer o registro ali, mas não fizeram e foram embora. Eles também não deram o nome na ambulância. No hospital, o policial que fica na unidade não registrou a entrada do meu irmão por disparo de arma de fogo. Na correria, nós não sabíamos disso. Ele faleceu na madrugada e na hora de fazer a liberação do corpo, precisava do papel do policial, que nós não tínhamos. Tivemos que ir pra delegacia do Tanque para liberar. Isso está muito estranho, nenhum policial fez o registro".
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Sobre as circunstâncias do crime, Eduardo disse acreditar que o corpo tenha sido deixado próximo à estação de BRT. "O local que ele estava caído não estava cheio de sangue, quem toma tiro o sangue tem que jorrar, mas não tinha sangue. Provavelmente foi em outro lugar e jogaram ele lá, pois não daria tempo dele chegar andando da casa dele lá".
Quanto o surto psicótico, ele esclareceu que seu irmão ficou internado com covid e isso o afetou psicologicamente. "Ele pegou covid e ficou internado no hospital por cerca de 15 dias. Ele foi liberado no último sábado (17), mas a doença afetou ele, ele não estava bem da cabeça", finalizou.
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Procurada, a Polícia Militar informou que "o ferido foi socorrido por ambulância do SAMU, porém, não há registro de entrada da ambulância Hospital Lourenço Jorge. A ocorrência ficou a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital". Confira na íntegra: 
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, nesta quarta-feira (19/05), equipe do 18° BPM (Jacarepaguá) esteve no Hospital Lourenço Jorge para verificar a entrada de baleado na unidade.
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Chegando no local, a equipe fez contato com familiar da vítima (esposa), onde a mesma informou que o marido se desentendeu com um homem não identificado e foi alvejado. Ainda de acordo com ela, o ferido foi socorrido por ambulância do SAMU, porém, não há registro de entrada da ambulância no referido Hospital. A ocorrência ficou a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital.
A Ouvidoria da Polícia Militar está disponível para a população através do telefone (21) 2334-6045 ou pelo e-mail ouvidoria_controladoria@pmerj.rj.gov.br".
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Procurada, a Polícia Civil disse que agentes da DH buscam imagens de câmeras de segurança da região e buscam por testemunhas que possam levar à autoria do crime.