Por nara.boechat
Rio - Acuada pelo medo que se espalhou pelo entorno do Morro da Providência no sábado, a pequena Paróquia de Santa Catarina de Alexandria, reaberta, reuniu ontem um pequeno rebanho um dia após se juntar ao luto forçado pelo tráfico. “Oramos para que o impasse acabe e para que Deus esteja ao lado das duas partes do confronto”, pregou o padre José Geraldo, responsável pela igrejinha, na Rua Senador Pompeu. Menos da metade dos fiéis que normalmente atendem às missas compareceu. Poucas lojas voltaram a funcionar ontem.

O fim de semana na comunidade do Centro começou tenso. O comércio foi obrigado a fechar depois da morte do traficante Diogo de Oliveira Tarcia Campos, o DG. Ainda que a paróquia do padre José Geraldo não tenha recebido nenhum ‘recado’ de bandidos, o religioso achou prudente suspender as atividades da manhã de sábado. No fim da tarde, a programação foi retomada. “As portas da igreja estarão sempre abertas, mesmo que tenhamos de fechá-las”, conclamou o sacerdote.

Padre José Geraldo fechou a Paróquia de Santa Catarina de Alexandria horas após confronto que matou traficante. Domingo rezou missa para poucosUanderson Fernandes / Agência O Dia

Ontem, mesmo com o reforço do 5º BPM, a maior parte do comércio continuava fechada. Donos de lojas que voltaram a abrir mostravam-se com medo. Questionados por investigadores da 4ª DP (Praça da República) que tentavam descobrir de quem partiu a ordem que gerou prejuízos e medo, negavam-se a ajudar.

Aos investigadores, ninguém confirmou ter recebido ordens expressas para interrupção do trabalho. Todos disseram ter sido informados do cessar por terceiros. Ao DIA, no entanto, confessaram ter sido intimidados por homens que circulavam em motos. “Traficantes disseram que ateariam fogo às lojas”, garantiu um comerciante. Mesmo assim, nenhum registro de ameaça foi feito na delegacia.
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Nas ruas da Providência, as atenções das forças pacificadoras também estiveram voltadas para possíveis represálias. “O movimento de moradores e o comércio foram restabelecidos. Reforçamos o patrulhamento nas saídas da comunidade para assegurar a paz”, disse o capitão Glauco Schorcht, comandante da UPP.
Prejuízo e apreensão
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Lojistas contabilizavam os prejuízos causados pelas 24 horas sem funcionamento. “Deixei de ganhar uns R$ 5 mil. Pior do que o ônus financeiro é o medo de trabalhar em uma região que se diz pacificada”, disse um comerciante.
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou ontem a morte de Henrique Souza Rodrigues, o Parazinho, comparsa de DG ferido no tiroteio de sexta. Ele morreu na noite de sábado no Hospital Souza Aguiar.