Por cadu.bruno
Rio - O corpo do operador da linha de vans Cosmos-Cascadura, da cooperativa Rio da Prata, Rodrigo César da Conceição foi sepultado na manhã desta segunda-feira no cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, na Zona Oeste.

Cerca de 100 pessoas, com camisas e cartazes pedindo o fim da violência, compareceram ao enterro. Rodrigo foi executado a tiros sábado à noite, no ponto final da linha, em Cosmos. O crime — supostamente praticado por milicianos, segundo testemunhas e integrantes da própria cooperativa — traz de volta à cena a sangrenta ação de paramilitares para controlar os serviços na Zona Oeste.

Parentes e amigos pediram o fim da violência na Zona OesteEstefan Radovicz / Agência O Dia

"Pedi na última quinta-feira que ele saísse de lá pois desconfiava que algo pudesse acontecer aos motoristas", disse o presidente da cooperativa Rio da Prata, César Moraes Gouveia.

Um motorista, que preferiu não se identificar, resumiu o sentimento dos trabalhadores. "O clima é de muito medo. Pagamos um pedágio porque eles dizem que Campo Grande é deles", afirmou.

Rodrigo deixa quatro filhos e uma esposa.

Testemunhas do crime de sábado contaram que Rodrigo estava no ponto final da linha, próximo a uma lanchonete. Sem a preocupação de serem reconhecidos, os criminosos abriram fogo contra a vítima, levando pânico a quem estava por perto.

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Bandido pediu sanduíche antes do crime
Segundo testemunhas, criminosos deram tiros para o alto antes de entrar na lanchonete onde a vítima estava. Um deles ainda pediu ao dono do estabelecimento um sanduíche ‘X-tudão’. Os bandidos também teriam levado a féria do dia e lista com nomes de motoristas, que estavam no bolso da vítima.
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O presidente da Rio da Prata, César Gouveia, disse ter alertado Rodrigo. “Ele sofreu pressão até do Toni. Sabíamos que algo iria acontecer porque ele não estava cedendo”.

Motoristas querem audiência com Beltrame

Apesar de a polícia não confirmar que o crime está relacionado com paramilitares, a associação enviou nota onde relata que, desde o ano passado, os cooperativados sofrem ameaças dos integrantes da milícia ‘Liga da Justiça’ — liderada pelo ex-PM Toni Ângelo.

Amigos e parentes protestam durante enterroEstefan Radovicz / Agência O Dia

Os diretores da cooperativa disseram que os motoristas estão com medo e que muitos não foram trabalhar neste domingo. Eles pretendem pedir audiência com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, para relatar as ameaças.

Agentes da Divisão de Homicídios — responsáveis pela investigação — estiveram no local, fizeram perícias e ouviram testemunhas.
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A cooperativa Rio da Prata tem 2.000 associados e atua em diversos trajetos entre os bairros de Campo Grande, Sepetiba e Santa Cruz. Segundo os diretores, integrantes da milícia cobrariam valores que vão de R$ 400 semanais a até mesmo a diária inteira dos motoristas, que são ameaçados e agredidos se não pagarem.