Por bianca.lobianco

Rio - O procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, disse que o desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza é um "atentado aos direitos humanos" e afirmou que o caso será tratado como prioridade pelo Ministério Público. Na tarde desta quarta-feira, Marfan Vieira se reuniu com Anderson Gomes de Souza, filho do pedreiro, e com o sub-procurador de Direitos Humanos Ertulei Laureano Matos. Durante o encontro, o sub-procurador pediu para que toda ameaça que a família do pedreiro tenha recebido seja comunicada ao Ministério Público.

Procurador-geral de Justiça e sub-procurador se reúnem com filho de pedreiro desaparecidoDivulgação / Ministério Público


Nesta quinta-feira será feita uma reunião às 14h, na sede do MP, com o promotor de Justiça Homero das Neves Freitas, responsável por acompanhar as investigações do caso na Delegacia de Homicídios (DH). O filho também terá acesso ao relatório da 15ª DP (Gávea), que cuidou das investigações iniciais do desaparecimento do pedreiro.

Filhos de Amarildo fazem exame de DNA

Familiares do ajudante de pedreiro Amarildo foram, na manhã desta quarta-feira, até o laboratório de análise da Academia de Policia Civil (Acadepol), onde cederam amostra de sangue para exame de DNA. A análise dirá se é dele o sangue encontrado por peritos no carro 6014 usado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha. Os dois filhos de Amarildo tiveram material coletado. O resultado deve ficar pronto nesta sexta-feira.

Irmã do pedreiro, a doméstica Maria Eunice Dias Lacerda disse que espera que o resultado seja positivo para que a família possa finalmente ter paz. "Tenho certeza que meu irmão está morto. O que esperamos é que esse exame seja positivo, pois como não temos esperança de encontrá-lo vivo, isso daria um grande alívio à nossa família", disse.

De acordo com o delegado titular da 15ª DP (Gávea), Orlando Zaccone, um relatório não conclusivo foi entregue nesta quarta à Divisão de Homicídios (DH), que assume as investigações. A mudança cumpre determinação da chefia de Polícia Civil de que, após 15 dias sem conclusão dos trabalhos, a apuração deve passar para a delegacia especializada.

Parentes de Amarildo conversam com o delegado Orlando Zaccone na AcadepolAlessandro Costa / Agência O Dia

Zaccone informou ainda que uma testemunha teria visto um gari sendo forçado a retirar um corpo da favela. Nesta terça, agentes da distrital foram até um depósito da Comlurb no Caju, mas nada encontraram. Segundo o delegado, o lixo retirado na comunidade já havia sido enviado para depósito de Seropédica.

No fim da tarde desta terça, na Rua do Valão, na Rocinha, porém, policiais encontraram um corpo no valão. Mas era de Gisele da Silva Santos, uma moradora da favela de 31 anos que estava desaparecida há quatro dias. Parentes que identificaram o corpo de Gabriela informaram que ela era viciada em drogas, vivia pelas vielas da comunidade e nem sempre voltava para dormir em casa.

Desaparecido desde o dia 14

Amarildo foi levado na viatura 6014 até à sede da UPP, no dia 14. Desde então, está desaparecido. Peritos encontraram sangue no porta-malas e no banco de trás do carro. Os primeiros exames confirmaram que o material no banco era de homem, mas não foi possível identificar a origem do que estava no porta-malas.

Imagens gravadas por câmeras de segurança mostraram o pedreiro no carro com a identificação 6014 e depois entrando na sede da UPP. A partir daí, ele não foi mais visto. Os policiais alegam que o liberaram, mas não há nenhum registro de sua saída da unidade. Segundo os homens da UPP, as câmeras deixaram de funcionar.

Ato em Copacabana

O Movimento Rio de Paz realizou na manhã desta quarta-feira um protesto na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, contra os cerca de 35 mil casos de desaparecimentos não esclarecidos no Estado do Rio de Janeiro desde 2007. 

Rio de Paz na Praia de CopacabanaOsvaldo Praddo / Agência O Dia



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