Por cadu.bruno

Rio - O corpo da jovem Isabela Severo da Silva, de 3 anos, morta após rompimento de adutora em Campo Grande, na Zona Oeste, foi sepultado na manhã desta quarta-feira no Cemitério de Campo Grande. Emocionados, Rebeca Severo e Luis Fernando dos Santos, pais da menina, não acompanharam o cortejo. Cerca de 150 pessoas, entre amigos e parentes, estiveram no local.

Ana Claudia Lima Santos, professora da creche municipal Sonho Feliz, onde a criança estudava, disse que o momento é de muita dor. "Não sei como vou explicar a ausência da Isabela para outras crianças", revelou. As aulas na unidade recomeçam nesta quinta-feira.

Corpo da menina Isabela Severo da Silva foi enterrado nesta quarta-feira%2C em Campo GrandeSeverino Silva / Agência O Dia


Segundo Renata Severo Cesário Lorentino, tia da menina, os pais da criança ainda não pensam em indenizações ou processos. "Isabela era minha única sobrinha. Foi uma fatalidade".

O caso ocorreu nesta terça. O ‘vulcão’ de água, que teve início às 4h30 e alcançou mais de 20 metros de altura, acertou em cheio as residências das Estrada do Encanamento e as ruas projetadas A e B.

Isabela morava com a mãe na Projetada A, a 100 metros do local do rompimento. Ela foi atingida por um muro. “A mãe ficou presa com ela dentro do imóvel. Ela era uma criança alegre, carinhosa. Ontem (segunda-feira) mesmo estava vestida de noivinha”, contou a avó, Sônia dos Santos, 53.

Familiares e amigos se desesperaram no enterro da menina que morreu após rompimento de adutora em Campo GrandeSeverino Silva / Agência O Dia


A criança chegou a ser levada para o Hospital Rocha Faria, mas morreu de parada cardiorrespiratória. Amigas da família contaram no IML que a mãe da jovem entrou em estado de choque e não conseguia nem falar com os parentes. “Ela está em profunda tristeza. Disse que é impossível imaginar uma mãe enterrar uma filha”, disse uma amiga.

A enxurrada derrubou casas, arrastou carros e árvores e feriu 16 pessoas. O rastro de destruição em três quarteirões partiu de um ponto da Estrada do Encanamento, perto da Estrada do Mendanha. Quando a ‘tsunami’ acalmou, moradores lamentavam que a negligência era a principal suspeita da tragédia.

Polícia investiga as causas do acidente

De acordo com a polícia, a causa mais provável apontada por testemunhas seria o peso sobre os canos de equipamentos de obra de terraplanagem da indústria de bebidas Guaracamp em terreno perto da adutora. Outra possibilidade, de acordo com a delegada adjunta da 35ª DP (Campo Grande), Tatiene Damares, seria um reparo malfeito da Cedae na tubulação. A delegada disse que vai intimar o engenheiro de obras da Guaracamp e representantes da Cedae para depôr. “Quero ver todos os documentos da obra”, justificou.

Moradores sofreram com estragos causados pela enxurradaFelipe Freire / Agência O Dia

Em nota, a Cedae negou que tenha feito reparo na adutora porque a tubulação nunca apresentou vazamento. Além disso, afirmou que tubulações de grande porte são monitoradas constantemente através do Centro de Controle. Ninguém foi encontrado na Guaracamp para falar sobre o assunto.

Os alagamentos se alastraram pela Estrada do Mendanha e a água atingiu 1,50 metro de altura em algumas vias. Carros foram arrastados pelas ruas e diversos móveis foram parar a metros de distância, já que a água jorrava com jatos muito fortes. Alguns cachorros e outros animais domésticos morreram no acidente.

A adutora Henrique de Novaes, que compõe a linha que liga o Reservatório de Marapicu, em Nova Iguaçu, ao Centro do Rio, tinha 1,75m de diâmetro e transportava aproximadamente 3 mil litros de água por segundo. Devido à explosão, o fornecimento de energia foi interrompido pela Light e a região ficou sem luz até a noite.




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